Consumidoras "panks" fazem a festa de lojas de produtos infantis

Janaína Oliveira - Hoje em Dia
27/10/2013 às 08:22.
Atualizado em 20/11/2021 às 13:41
 (Cau Gomes)

(Cau Gomes)

Solteiras, sem filhos, bem sucedidas, generosas, de bom gosto, com idade entre 30 e 45 anos e loucas por sobrinhos – de sangue ou postiços – e afilhados. Esse é o perfil das Panks, sigla para Professional Aunt no Kids (no português Tias Profissionais sem Filhos), categoria de consumidoras que está virando fenômeno em todo o mundo, inclusive no Brasil.

Apesar de não terem uma criança para chamarem de sua, essas tias corujas são compradoras compulsivas de brinquedos, roupas de grife, cosméticos e até mesmo fraldas. Enchem os pequenos de mimos e o caixa das lojas, de dinheiro.

Pesquisa inédita da Shopper Experience, consultoria brasileira especializada em comportamento dos consumidores, feita com 1.723 clientes, detectou que a tendência está silenciosamente se consolidando no país. Do total de entrevistadas, 642 eram mulheres sem filhos. Desse universo, 555 compram artigos infantis caros com frequência: 79% mensalmente; 18% semanalmente e 3% duas vezes por semana.

Segundo a presidente da Shopper Experience e coordenadora da pesquisa, Stella Kochen Susskind, as Panks brasileiras têm algumas diferenças se comparadas com as europeias e norte-americanas. Em um país religioso, muitas Panks nacionais são madrinhas – embora também presenteiem irmãos mais novos, enteados, filhos de amigos e sobrinhos legítimos ou por consideração.

Fraldas caras

Outra distinção entre o comportamento das Panks estrangeiras e nacionais está na categoria de produtos que levam para proporcionar alegria à prole alheia. “Enquanto as americanas preferem grifes de roupas infantis, as brasileiras adoram comprar brinquedos e artigos como perfumes, xampu, fraldas e similares. “As fraldas eleitas pelas Panks brasileiras, embora não sejam artigo de luxo, são as mais caras”, afirma Stella.

A gerente de banco Paula Carvalho, 38 anos, nunca havia ouvido falar em Panks. Mas, bastaram poucos minutos de conversa para que ela se identificasse e se revelasse uma autêntica Professional Aunt no Kids.

Ela é tia e madrinha da pequena Isabella, 2, filha de sua irmã caçula. “Sempre que vou a uma loja infantil enlouqueço. Compro tudo cor-de-rosa: sapato, vestido, casaco. Também não resisto a um brinquedinho, mesmo que ache o preço meio salgado”, diz Paula, divorciada e sem nenhuma pretensão de engravidar.

Tias merecem atenção especial do comércio

Tias tão especiais, que dificilmente resistem a abrir a carteira para agradar sobrinhos e afins, são uma excelente oportunidade para alavancar vendas. Há quase 13 anos como vendedora da Brinkel, tradicional loja de brinquedos em Belo Horizonte, Leiliane Guimarães não fazia nem ideia do que era uma Pank. Após ouvir a explicação, afirmou que atualmente é essa turma uma das maiores compradoras do varejo voltado para o público infantil.

“Geralmente, são mulheres bem resolvidas, que não casaram ou tiveram filhos, mas fazem de tudo para sobrinhos e afilhados. Se a mãe e o pai não podem dar, acabam inteirando o valor do brinquedo ou pagando tudo sozinhas”, diz.
A economista da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH) Iracy Pimenta admite que o assunto é novo, mas diz que o comércio tende a se adequar às mudanças comportamentais e de paradigma.

“Ao optar pela carreira, as mulheres estão com mais condições de comprar. Pelo perfil, querem transmitir conhecimento e alegria às crianças de amigos e parentes próximos. Certamente, é um mercado em ascensão”, acredita.
Para Stella, executiva da Shopper Experience, as grifes de luxo voltadas para crianças e adolescentes investem em uma comunicação para conquistar mães, pais e avós, além do próprio consumidor final – mas ainda não se comunicam com as Panks.

Consumo frequente

Também do time das tias e madrinhas corujas, Cristiane Rocha Monteiro, 40, assistente de auditoria de uma grande instituição hospitalar, já não faz mais tantas gracinhas como antes.
 
Certa vez, trouxe da Europa, onde morava, uma mala inteira de brinquedos para as sobrinhas Bruna, 11, e Sofia, 5, seus dois xodós. Hoje, compra presentes mais caros em datas comemorativas e mais baratinhos em dias normais. Raramente, porém, aparece de mãos abanando.

“Gosto de dar revistas, livros, jogos, doces e muito carinho. Se eu pudesse, compraria ainda mais. Nos aniversários, dou presente para as duas”, conta Cristiane, solteira e com as duas filhas de coração.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por