Conta de energia da Cemig terá índice de reajuste definido nesta segunda

Janaína Oliveira - Hoje em Dia
07/04/2014 às 08:18.
Atualizado em 18/11/2021 às 01:59
 (Ricardo Bastos/Hoje em Dia)

(Ricardo Bastos/Hoje em Dia)

Os mineiros vão saber nesta segunda-feira (7) em quanto ficará mais cara a conta de luz. A partir das 14 horas, o colegiado da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) se reunirá para definir quais percentuais serão autorizados e repassados às contas dos consumidores.

A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) pediu ao órgão regulador um aumento de 29,74%, o maior percentual dentre as distribuidoras que terão o reajuste definido na mesma data. A Empresa Energética de Mato Grosso do Sul (Enersul) pediu 16,19%, a CPFL Paulista, 26,05%, e a Centrais Elétricas Matogrossenses S.A. (Cemat), 24,82%. O aumento passa a vigorar amanhã.

Para o diretor de Regulação e Gestão de Energia Elétrica da consultoria Thymos Energia, Ricardo Savoia, o elevado reajuste pleiteado é um reflexo da turbulência que o setor atravessa desde 2012, e que se agravou em 2013 e ficou ainda pior em 2014.

“Não só a Cemig como outras distribuidoras tiveram uma grande exposição involuntária. Como não aderiram ao programa de renovação dos contratos das geradoras, para atingir o total da demanda precisaram comprar energia mais cara no curto prazo”, diz.

Durante todo o mês de março, o preço do megawatt-hora no mercado spot, calculado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), manteve-se no valor máximo, de R$ 822,83, mesmo custo verificado no mês anterior. Para efeito de comparação, em fevereiro e março de 2013, o preço da energia no mercado de curto prazo foi de R$ 50,67 e R$ 127,97, respectivamente.

Savoia destaca ainda a enorme despesa com o acionamento das térmicas por conta dos baixos níveis dos reservatórios do Sudeste, região que concentra a maior parcela de geração de energia. Na usina de Furnas, por exemplo, uma turbina está sendo desligada algumas horas por dia. O reservatório está com menos de 30% de sua capacidade.

Diretor da comercializadora de energia CMU e conselheiro da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), Walter Fróes considera o pleito da Cemig “mais que justo” em função dos custos adicionais advindos das térmicas. Porém, para ele, o percentual dificilmente será aprovado.

“Lamentavelmente, por pressão política, ainda mais em ano eleitoral, acho muito difícil a Aneel aprovar uma alta nesse nível. O governo certamente vai optar por postergar o aumento. Mas cedo ou tarde, como não existe almoço grátis, o consumidor acabará pagando a conta mais salgada”, afirmou.

Pedido supera em cinco vezes o IPCA

O reajuste de 29,74% pedido pela Cemig é quase cinco vezes maior do que a variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do IBGE no país em 2013, que fechou o ano em 5,91%.

No ano passado, a Cemig teve um reajuste médio de 2,99%. Os consumidores de baixa tensão, que incluem residências e pequenos estabelecimentos comerciais, ficaram com alta média de 6,98%.

Isoladamente, os residenciais tiveram uma elevação de 4,99%. A classe de consumo de alta tensão, que abrange a indústria e grandes estabelecimentos, teve aprovada uma redução de 4,83%.

Segundo a Cemig, entre os principais fatores que justificariam um reajuste tão alto em 2014 está a necessidade de compra de energia térmica, mais cara em relação ao preço da eletricidade das usinas hidrelétricas.

De acordo com a nota divulgada pela companhia, esse custo, assim como o preço da energia no mercado livre, é um componente que as concessionárias de energia não têm como gerenciar e se enquadra na chamada Parcela A, que representa 69% do índice de reajuste.

Cálculo

O cálculo de reajuste da empresa também leva em conta a chamada Parcela B, que trata das despesas operacionais e remuneração dos investimentos realizados. Segundo a companhia, nesse caso, houve uma variação 4,2%, portanto, bem abaixo da inflação do período.

“Ou seja, na parte que cabe à Cemig gerenciar, houve ganho na eficiência da empresa para os clientes”, diz o comunicado da estatal. Já o item que trata dos componentes financeiros, cujo repasse ocorre uma única vez, teve variação de 9,6%. “Considerando esses números preliminares apresentados, a empresa chegou ao valor de 29,74%”, conclui a nota da companhia.
 

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