Crédito restrito e ociosidade freiam vendas de caminhões em Minas Gerais

Bruno Porto - Hoje em Dia
12/05/2014 às 07:20.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:32
 (Wesley Rodrigues/Hoje em Dia)

(Wesley Rodrigues/Hoje em Dia)

O fraco desempenho da economia e a maior seletividade dos bancos na concessão de crédito estão empurrando as vendas de caminhões ladeira abaixo. E a atual ociosidade na indústria aponta que uma recuperação ainda em 2014 é pouco provável.

O número de emplacamentos no último mês de março foi de 9.239 unidades, queda de 24,7% na comparação com o mesmo mês do ano passado, e o pior resultado de vendas dos últimos 14 meses.

Após crescer 11,1% em 2013, de janeiro a março deste ano, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a comercialização de caminhões caiu 11,3%.

Aumento de custos

Mas o conservadorismo dos bancos e o baixo crescimento não são os únicos entraves para as montadoras de caminhões. Segundo o vice-presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga do[/LEAD] Estado de Minas Gerais (Setcemg), Gladstone Lobato, as transportadoras também enfrentam dificuldades de caixa para renovar suas frotas.

Ele diz que os custos com folha de pagamento aumentaram entre 22% e 33% a partir da promulgação da Lei 12.619, conhecida como Lei do Caminhoneiro. A nova legislação, entre outras coisas, reduz a jornada de trabalho dos motoristas, obriga paradas para descanso e regulamenta as folgas semanais.

“Não digo que a lei é injusta, mas os custos penalizam (as empresas de transporte). Em um mercado sem perspectivas de crescimento fica difícil investir em frota”, afirmou.

Lobato não acredita em recuperação das vendas de caminhões ainda neste ano porque, quando houver aumento da demanda por transporte, primeiro serão usados os caminhões que hoje estão ociosos. Segundo ele, os programas governamentais, como de renovação da frota e linhas especiais de financiamento, são importantes mas, na prática, têm pouco impacto.
“A renovação da frota é interessante, mas o caminhão usado tem preço de mercado maior do que o oferecido pelo programa, que dá benefícios no médio ou longo prazos”, diz.

Férias coletivas

Se o mercado anda em marcha à ré, a indústria se ajusta à demanda. Em Minas Gerais, Iveco e Mercedes-Benz deram férias coletivas para seus funcionários. Em Sete Lagoas, a montadora do grupo Fiat deu descanso de 22 de abril a 21 de maio para 500 funcionários. Em Juiz de Fora, a montadora alemã colocou em férias 450 trabalhadores na mesma data e eles voltam às linhas de montagem em 11 de maio. Em Minas, a Mercedes-Benz tem capacidade para produzir 50 mil caminhões ao ano. Já a Iveco produz até 70 mil unidades anuais.

De acordo com a Anfavea, a retração nas vendas é mais acentuada no segmento de caminhões leves, que caiu 31,7% no trimestre. Entre os segmentos, o único que não registra redução é o de caminhões médios, com crescimento de vendas da ordem de 19,5%.  

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