Crescimento da violência contribuiu para uma elevação de 15% nos preços dos seguros

Janaína Oliveira
11/05/2015 às 06:56.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:58
 (Editoria de Artes)

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Mais de 17 carros por dia, em média, foram roubados ou furtados em Belo Horizonte, de janeiro a março deste ano, segundo dados da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds). Além de enfrentar o perigo, motoristas ainda são obrigados a arcar com um prejuízo para o bolso, já que a violência é um dos fatores que contribuem para deixar a contratação de um seguro mais onerosa.

De acordo com o vice-presidente do Sindicato das Seguradoras em Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Distrito Federal (Sindseg MG/GO/MT/DF), Angelo Vargas, os preços já estão aproximadamente 15% mais caros em 2015, na comparação com o ano passado. “Mas isso é uma média sugestiva. O cálculo depende de uma série de elementos, entre eles as ocorrências de roubos e furtos, e cada empresa tem liberdade para praticar o reajuste que considerar mais adequado ao negócio”, diz ele, que também é diretor regional da HDI Seguros.

Para o presidente da Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização (Fenaseg), Neival Rodrigues Freitas, o peso do aumento no número de roubos de carros exerce uma carga pesada no reajuste. “Sem dúvida, é o item principal. Mas também temos que considerar o custo da reparação do veículo nas oficinas e preço das peças, que vêm subindo, além dos sinistros”, diz.

No ano passado, conforme a Fenaseg, foram roubados cerca de 516 mil automóveis no Brasil. Em 2013, a marca foi de 469 mil, o que corresponde a um crescimento de 10% nesse tipo de crime nos últimos 12 meses. Já em Minas, o crescimento chegou a 20%, saindo de 26.486 ocorrências, em 2013, para 31.864, no ano passado. Na capital, 11.485 veículos foram roubados, quase um terço dos casos de assalto no Estado.

O presidente do Sindseg, Angelo Vargas, afirma que há dois grupos de variáveis que impactam diretamente o custo das apólices. Entre os fatores conjunturais, ele cita, além da frequência de acidentes e o índice de roubos, a ocorrência maior de acidentes. “Toda companhia realiza estudos com base em seu próprio banco de dados. Daí a variação de preço que pode acontecer entre uma região ou bairro para outro mais violento”, diz ele, que considera o preço do seguro um retrato da sociedade. “Se ela é mais violenta, se dirige mal, isso vai refletir”, compara.

O perfil do motorista entra no que os especialistas chamam de questões técnicas. Nesse caso, é feita uma análise da carteira de clientes, onde são listados idade, gênero, estado civil, local onde o cliente deixa o carro estacionado e a região da cidade em que mora. “Provavelmente o casado paga menos, uma vez que pressupõem-se que o solteiro e o divorciado têm um comportamento de mais exposição ao risco, já que provavelmente sai à noite com mais frequência”, diz. 

 

Apólice na região do bairro Cidade Nova teve a maior alta

Levantamento da Bidu Corretora de Seguros on-line, especializada em comércio eletrônico e serviços financeiros, feito em Belo Horizonte, mostra que contratar um seguro para o carro encareceu além das estimativas do Sindicato das Seguradoras em Minas Gerais. A pesquisa, que levou em consideração um automóvel Gol de quatro portas do ano de 2014, aponta que a apólice subiu até 35% na capital entre fevereiro de 2015 ante o mesmo mês do ano passado. O maior reajuste foi aplicado a motoristas do bairro Cidade Nova. A conta que era de R$ 2.671 saltou para R$ 3.619 no período.

Segundo o diretor de Markerting da Bidu, Maurício Antunes, para chegar ao resultado final, foram feitas entre cinco e oito cotações para cada um dos bairros analisados. “O preço reflete se determinada região tem mais tendência a batidas de trânsito ou criminalidade”, diz. De acordo com ele, esse pode ser o caso da região Noroeste e Nordeste, que apresentaram preços mais caros e reajustes mais robustos.

“Em locais onde há saída para vias de trânsito rápido, como Anel Rodoviário, Avenida Cristiano Machado e Via Expressa, geralmente há um volume maior de ocorrências”, detalha o vice-presidente da Sindseg em Minas, Goiás, Mato Grosso e DF, Angelo Vargas. Ainda chamam a atenção no levantamento o aumento de 30% no valor das as cotações de proteção para o carro nos bairros Floresta e Santa Tereza, na região Leste.

Proprietária da Aproseg Seguros, Ana Paula Ribeiro de Oliveira diz que hoje não há mais um modelo de automóvel que seja mais visado que o outro. “Os bandidos estão de olho no que é mais fácil roubar. E estão agindo por abordagem. Aproveitam quando a pessoa está entrando ou saindo do carro para atacar”, afirma.

Diante da escalada da violência, a empresária diz que muitas seguradoras passaram a fornecer, em comodato, um rastreador. “Se a companhia entende que o modelo é mais caro ou visado, e que o prejuízo pode ser grande em caso de roubo, ela instala gratuitamente um aparelho no veículo”, diz.

E em um mercado competitivo como o setor de seguros, vale tudo para conquistar o cliente. Ana Paula afirma que empresas já oferecem, sem ônus, o motorista amigo ou motorista substituto. “O serviço surgiu com a Lei Seca e vem ganhando força. Se o segurado beber demais e não tiver condições de dirigir, é só ligar que a empresa manda alguém buscá-lo. É uma cortesia que tem agradado”, diz. A prática, segundo ela, é adotada por duas das 18 seguradoras com as quais ela trabalha.

Outro mimo é a oferta de serviços residenciais sem cobrança. “São desde reparos emergenciais, como eletricista, bombeiro e encanador, até limpeza de caixa d`água, colocação de quadro na parede ou conserto da máquina de lavar”, exemplifica.

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