Crise mundial: economia brasileira embarca no voo 447

Paulo Paiva - Do Hoje em Dia
15/07/2012 às 08:23.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:34

Se o Brasil fosse um avião, não seria exagero dizer que seus pilotos (com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, à frente) estão em situação semelhante à enfrentada pelos comandantes do voo 447 da Air France que caiu no Atlântico em 2009. Há uma tempestade lá fora (a crise econômica mundial) e o avião (a economia brasileira) está emitindo seguidos sinais de alerta, mas os pilotos têm tomado decisões equivocadas e parecem ainda não ter percebido o tamanho do problema.

Os sinais no painel de controle são alarmantes. O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu pífios 0,2% no primeiro semestre. O mercado reduziu na semana passada, pela nona vez consecutiva, a expectativa de crescimento do PIB em 2012 – agora, de 2,05% para 2,01%. Algumas consultorias, como a Austin Rating, já falam em 1,9%. O Banco Fator vislumbra 1%.

Indústria e comércio (o varejo vinha sendo o motor da economia) estão desacelerando. E a inadimplência dos consumidores disparou. Cresceu 19,1% no primeiro semestre ante igual período de 2011.

A leitura dos alertas indica que as medidas tomadas pelo comandante até agora, de estimular crédito e consumo, esgotaram-se. E as demais medidas, como redução de juros e incentivo a investimentos, só surtirão efeito em três ou seis meses.

“Estamos na segunda fase da crise mundial de 2008: a do crédito soberano da Europa, bem diferente da primeira. As medidas adotadas pelo governo em 2008 não servem mais. Quem comprou carro, geladeira ou TV em 2009 não vai comprar outra agora. O nível de endividamento das famílias está alto”, analisa Felipe Queiróz, economista da Austin Rating. “O modelo de estímulo ao consumo está saturado”, garante.

“Só vejo dois caminhos no momento: aumentar as exportações e os investimentos, incluindo gastos do governo”, frisa José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator. “O consumo só voltará a crescer quando a renda aumentar, o que ocorre devagar”, completa.

As opções do piloto, contudo, são ainda mais estreitas: a crise mundial e a desaceleração da China funcionam como travas à exportação. E as perspectivas de investimentos privados são nebulosas. “Os empresários estão com medo da desaceleração”, lembra Gonçalves.

“É precipitado dizer que as medidas tomadas pelo governo até agora estão erradas, mas o fato é que a economia está em letargia”, garante Queiróz.

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