O dólar opera em alta nesta quinta-feira (3), quando abriu os negócios a R$ 3,80. É a primeira vez desde dezembro de 2002, em meio ao quadro conturbado em relação às perspectivas políticas e econômicas do Brasil, que a moeda americana atinge esse valor.
Na quarta-feira, a rápida deterioração do ambiente econômico no Brasil fez o dólar novamente avançar ante o real, para acima dos R$ 3,75. Num cenário de estresse, investidores estrangeiros conduziram a busca pela moeda americana no mercado futuro, o mais líquido, puxando as cotações à vista, em função das notícias mais recentes. Entre elas, a expectativa de déficit no Orçamento da União em 2016 e a derrocada da indústria brasileira.
O dólar à vista fechou em alta de 1,68%, aos R$ 3,7530, no maior patamar desde 12 de dezembro de 2002. Em apenas quatro sessões, a moeda americana subiu 19 centavos, ou o equivalente a 5,33%. No mercado futuro, a divisa para outubro avançou 1,61%, aos R$ 3,7940. Em 2016, até agora, a moeda americana já subiu 41,36% ante o real.
"Os problemas persistem nas contas do governo e o estrangeiro vai comprando dólares no mercado futuro. O cenário é péssimo", resumiu um profissional da área de câmbio, que prefere não se identificar.
Desde segunda-feira, investidores aceleraram a busca pela moeda americana em razão da notícia de que a União projeta um déficit no Orçamento de R$ 30,5 bilhões para 2016, o que coloca em xeque a classificação de risco no Brasil. No limite, o medo é de que o País perca em um futuro próximo seu grau de investimento.