Déficit nas contas externas é recorde para março e o primeiro trimestre

Kelly Oliveira - Agência Brasil
24/04/2013 às 20:49.
Atualizado em 21/11/2021 às 03:08

BRASÍLIA – O déficit em transações correntes (compras e vendas de mercadorias e serviços entre o Brasil e o mundo) de US$ 6,873 bilhões, em março, e de US$ 24,858 bilhões, no primeiro trimestre, é recorde para os períodos, de acordo com a série histórica do Banco Central (BC), iniciada em 1947. Esses saldos negativos foram mais do que o dobro dos de iguais períodos do ano passado. Em março de 2012, o déficit ficou em US$ 3,279 bilhões e no primeiro trimestre, em US$ 12,061 bilhões.
 
Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, um dos fatores que levaram à ampliação do saldo negativo foi o resultado da balança comercial, que registrou déficit de US$ 5,156 bilhões, no primeiro trimestre. Maciel lembrou que, no mesmo período do ano passado, houve superávit comercial de US$ 2,420 bilhões. “O maior dinamismo econômico representa maior demanda por bens e serviços externos e isso repercute na balança comercial”, disse Maciel. Por outro lado, ele destacou que o crescimento mais lento da economia global “repercute nas nossas exportações”.
 
Outro fator citado por Maciel é o aumento das remessas de lucros e dividendos do Brasil para o exterior.  Em março deste ano, essas remessas chegaram a US$ 2,732 bilhões e acumularam US$ 6,974 bilhões, no primeiro trimestre, contra US$ 1,965 bilhão e US$ 3,474 bilhões de iguais períodos, respectivamente, de 2012. Segundo Maciel, o aumento das remessas de lucros e dividendos também está relacionado ao maior ritmo do crescimento econômico, este ano. “À medida que a economia cresce, as empresas têm maior rentabilidade e isso permite a ampliação das remessas desses resultados para o exterior”, disse.
 
Segundo Maciel, o aumento do estoque de investimento estrangeiro no país também favorece as remessas. Ele citou ainda que mudanças no câmbio também influenciam na escolha do momento para enviar os lucros e dividendos para o exterior.
 
Maciel acrescentou que na década de 90 o peso dos juros no déficit de transações correntes era maior e lembrou que a situação se agrava em momentos de crise. “Hoje nosso principal componente não é mais a despesa com juros, e sim remessas de lucros e dividendos.  As remessas aumentam em momento favorável. Há uma diferença importante na estrutura do déficit em transações correntes”, argumentou.
 
O chefe do Departamento Econômico disse ainda que o financiamento do déficit em transações correntes está em “condições confortáveis” porque a maior parte é por meio de investimento estrangeiro direto (IED), que vai para o setor produtivo do país. O IED é considerado a melhor forma de financiamento por ser de longo prazo, mas o país também conta com empréstimos e investimentos em ações e em títulos de renda fixa.
 
Em março, o IED ficou em US$ 5,739 bilhões, contra US$ 5,897 bilhões de igual mês do ano passado. No primeiro trimestre, foram investidos no país US$ 13,256 bilhões, ante US$ 14,949 bilhões, nos primeiros três meses de 2012.
 
Para o ano, a projeção do BC é que o IED fique em US$ 65 bilhões, o que deve corresponder a 2,68% do Produto Interno Bruto (PIB). A projeção para o déficit das transações correntes é US$ 67 bilhões este ano. Em relação ao PIB, o saldo negativo deverá ser 2,76%.

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