Dólar mantém alta e fecha a R$ 2,25, maior cotação desde abril de 2009

Bruno Porto - Hoje em Dia
21/06/2013 às 07:14.
Atualizado em 20/11/2021 às 19:19

As declarações do presidente do Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos Estados Unidos, Ben Bernanke, de que deverá retirar os estímulos dados à economia daquele país a partir do fim deste ano, foi o gatilho para a disparada da moeda norte-americana, que na última quinta-feira (20) teve pico de R$ 2,27 e fechou a R$ 2,25 no mercado à vista, a maior cotação desde abril de 2009.

A alta tem como pano de fundo a fuga de capitais do Brasil desde janeiro, após o desencanto dos investidores estrangeiros com o desempenho da economia nacional. O poderio do governo para conter a alta do dólar é visto com desconfiança por analistas.
Antes do pronunciamento de Bernanke, o viés do dólar era de alta, e por uma conjunção de fatores. Analistas apontaram a maior intervenção do governo federal, como a mudança de regras no setor elétrico, a perspectiva de rebaixamento da nota de risco do país pela Standard & Poor´s e a fuga de capital estrangeiro pela queda de atratividade do país como motivadores da tendência de alta.

“O que o Fed anunciou era esperado, mas, pela contundência, gerou um choque de realidade. O crescimento da economia aquém do previsto e o intervencionismo provocam fuga de dólares desde janeiro”, disse o economista da Tendências Consultoria, Sílvio Campos Neto.

Segundo o Banco Central, a saída de dólares superou a entrada na primeira quinzena de junho em US$ 69 milhões. De janeiro até a primeira metade de junho, o fluxo cambial tem saldo acumulado positivo em US$ 12,1 bilhões. No mesmo período do ano passado, o saldo era de US$ 23,1 bilhões.

O Banco Central tem sinalizado que não vê com bons olhos a desvalorização cambial, pelo menos não com essa velocidade, na avaliação de Neto.

O analista e diretor da consultoria Plataforma Cartezyan, Wagner Caetano, não vê potencial no governo para reverter a pressão de alta. “O viés de alta é forte, não apenas no Brasil. Com aversão ao risco, investidores buscam segurança no dólar. O governo tentará evitar que se rompa a barreira dos R$ 2,30, mas, se isso ocorrer, teremos um novo patamar cambial”, disse. As especulações dão conta de que a agência Moodys também deve rever a nota de risco do Brasil.

O analista e diretor da Infopro, Richard Rytenband, corrobora esse pensamento. “É muito incerto onde vai se estabilizar, mas se passar de R$ 2,30 acredito em estabilização entre R$ 2,40 e R$ 2,50”, afirmou. Ele ainda destacou que os países emergentes sentem mais a pressão de alta porque investidores fogem do risco inerente a essas economias.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por