Dólar vai a R$ 2,31 após dados de emprego dos Estados Unidos

Anderson Figo - Folhapress
08/11/2013 às 18:42.
Atualizado em 20/11/2021 às 14:01

SÃO PAULO- A divulgação de fortes dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos em outubro reforçou as apostas dos investidores de que o Federal Reserve (banco central americano) vai começar a reduzir seu estímulo à economia ainda neste ano.
Essa perspectiva provocou a valorização do dólar sobre as moedas emergentes, uma vez que o corte no estímulo dos EUA pode restringir a oferta da moeda americana nesses mercados, pressionando o câmbio. O mesmo movimento foi visto ontem, após a notícia de que o PIB americano cresceu 2,8% no terceiro trimestre.

O dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou em alta de 0,46% em relação ao real, cotado em R$ 2,316 na venda -renovando seu maior valor desde 5 de setembro, quando ficou em R$ 2,334. A moeda chegou a subir 1,69% no decorrer do dia, atingindo a máxima de R$ 2,344. Na semana, houve avanço de 2,63%.
Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, avançou 0,47%, a R$ 2,318 -também renovando sua maior cotação desde 5 de setembro, quando ficou em R$ 2,324. Na semana, houve ganho de 2,70%.

Em relação às 24 principais moedas emergentes do mundo, o dólar só não subiu em relação a cinco: da Colômbia, das Filipinas, do México, da China e de Hong Kong.
O sentimento de que os mercados emergentes serão prejudicados por um corte no estímulo americano também se refletiu no mercado de ações. O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou o dia com perda de 0,93%, a 52.248 pontos. Foi o quarto dia seguido que o índice encerrou no vermelho. Na semana, houve desvalorização de 3,27%.

A criação de empregos nos Estados Unidos acelerou inesperadamente em outubro apesar da paralisação temporária do governo, sugerindo que o impasse orçamentário teve um impacto mais limitado na economia do que se temia inicialmente. Os empregadores abriram 204 mil novas vagas no período, e a taxa de desemprego subiu para 7,3%, ante 7,2% em setembro.

"É um dos indicadores mais avaliados pelo Fed na condução de sua política monetária. A melhora sugere que a autoridade poderá começar a cortar seu estímulo em dezembro. Mesmo que isso se torne realidade, é importante lembrar que o processo será gradual, o que ameniza o efeito negativo sobre os mercados emergentes no médio prazo", diz Julio Hegedus, economista-chefe da consultoria Lopes Filho.
Desde 2009, o Fed compra US$ 85 bilhões por mês em títulos públicos para injetar recursos na economia dos EUA e estimular uma retomada. Como parte desse dinheiro migra para outros mercados na forma de investimentos, como o Brasil, um possível corte preocupa os investidores.

As referências nos EUA deixaram em segundo plano dados positivos vindos da China, onde o governo divulgou que as exportações aumentaram 5,6% em outubro ante o ano anterior, facilmente superando as expectativas do mercado de avanço de 3,2% e se recuperando ante queda de 0,3% em setembro.
Alívio de Curto Prazo

Especialistas consultados pela reportagem veem outros fatores que devem aliviar as preocupações com o estímulo nos EUA no curto prazo.
 "O aumento da taxa básica de juros [a Selic] para dois dígitos, que deve acontecer em breve, atrairá naturalmente mais aplicações externas ao Brasil, abastecendo a oferta de dólares no mercado", afirma Fernando Bergallo, gerente de câmbio da TOV Corretora.
 "Além disso, também deverá diminuir a pressão sobre o câmbio a entrada dos recursos das empresas que venceram o leilão do campo de Libra, no pré-sal, em dezembro", acrescenta.

Nesta sexta-feira, o Banco Central realizou mais um leilão de linha previsto em seu cronograma de atuações diárias no mercado de câmbio, com a venda de US$ 1 bilhão com compromisso de recompra em 4 de fevereiro de 2014.

Ações
As ações da operadora de telefonia TIM exerceram a maior pressão negativa sobre o Ibovespa, caindo 3,89%, depois que o presidente-executivo da Telecom Italia, Marco Patuano, disse que a TIM, subsidiária do grupo no Brasil, é fundamental, mas que ele consideraria a venda do ativo por um preço "convincente".
A queda das ações mais negociadas de Petrobras (-1,80%) e Vale (-1,38%) também pressionou o Ibovespa no dia.Esses dois papéis, juntos, representam cerca de 16% do índice. Em sentido oposto, os papéis da Embraer ganharam 1,79%, após o presidente da Embraer Defesa & Segurança, Luiz Carlos Aguiar, ter afirmado que o primeiro contrato firme de venda do cargueiro KC-390 deve estar fechado até junho do ano que vem, e o cliente não necessariamente será o governo brasileiro.

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