Decisão sobre disputa e mudanças na Usiminas será em abril

Bruno Porto - Hoje em Dia
26/03/2015 às 07:24.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:23
 (Arquivo Hoje em Dia)

(Arquivo Hoje em Dia)

A Usiminas vai entrar no início de abril em um período de decisões importantes. A eleição de um novo Conselho de Administração e a decisão judicial sobre a recondução ou não de diretores afastados têm potencial para estancar a crise interna da companhia ou agravar o cenário de disputa pelo poder entre seus dois maiores sócios – o grupo argentino Ternium/Tenaris e os japoneses da Nippon Steel.

O presidente do Instituto Mineiro de Mercado de Capitais (IMMC), Paulo Ângelo Carvalho de Souza, defende uma mudança drástica. “Ninguém quer perder espaço e muito menos dinheiro. Então, argentinos e japoneses, embora tenham culturas muito diferentes, precisam sentar e refazer o acordo de acionistas. O ideal é tirar todos do Conselho e diretorias e colocar nomes novos”, sugeriu Souza, que é contundente sobre como a imagem da Usiminas tem sido afetada.

“Empresas com problemas muito maiores conseguem resolver a situação. O que acontece na Usiminas é inaceitável. A Justiça julgará com critérios jurídicos, mas destituir um presidente com voto de minerva como foi feito é uma afronta a qualquer critério de governança de que se tem notícia no mundo”, afirmou.

O analista de mercado Pedro Galdi também defende a conciliação de interesses com uma mudança de rumo da empresa. “Sem considerar a crise interna, avaliando apenas o mercado da empresa, o ambiente já é hostil. Ou argentinos e japoneses aproveitam o momento para trégua, ou a Usiminas é que será prejudicada. As turbulências na companhia não cessam desde a saída de Marco Antônio Castello Branco, que iniciou uma mudança interna de processos”, disse.

O ex-presidente deixou a empresa em abril de 2010 após expor a companhia a um noticiário insólito: denúncias de assédio moral balançaram a reputação da maior produtora de aços planos do país. Hoje, ele preside a Codemig.

Galdi acredita que o caminho “mais racional” seria optar por uma gestão profissional e independente, com Nippon e Ternium se limitando a ocupar cadeiras no Conselho para avaliar resultados da empresa.

Nos tribunais, o julgamento em segunda instância na 10ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais determinará se o presidente afastado Julián Eguren e outros diretores voltarão aos cargos. Três desembargadores votam, e um deles já se manifestou em favor do retorno.

Os executivos foram indicados pela Ternium e afastados em manobra considerada ilegal pelos argentinos. A Nippon alega que eles receberam remunerações irregulares. Um pedido de vistas adiou o julgamento, que será retomado nos primeiros dias do próximo mês.

Assembleia

Está prevista para o próximo dia 6 a Assembleia Geral Extraordinária(AGE) para eleição de um novo Conselho de Administração, desfalcado de um nome desde a saída do indicado pela Previ, em outubro de 2014, após venda de ações para a Ternium.

Nippon e Ternium podem entrar em consenso para indicar um nome para a presidência do Conselho, hoje ocupada por Paulo Penido, homem de confiança da Nippon. No entanto, dado o desentendimento entre eles, ganham força os minoritários, que indicaram o conselheiro Marcelo Gasparino para o cargo. Ele tem o apoio do fundo L. Par, de Lírio Parisotto, candidato à cadeira que a Previ deixou vaga entre os conselheiros.
 

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