Desemprego levará demanda a ficar dentro da capacidade da oferta, estima Sicredi

Estadão Conteúdo
09/07/2015 às 13:57.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:50

A elevação do desemprego no País fará com que a demanda fique dentro da capacidade da oferta, na visão do economista Pedro Ramos, do Banco Cooperativo Sicredi, ao comentar a taxa de desemprego de 8,1% acumulada até maio pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo Ramos, pela curta série histórica dos dados e pela dificuldade de dessazonalização das informações, a avaliação da Pnad Continua ainda não é uma tarefa fácil de se fazer. Mas dá para se ter uma ideia geral do que está ocorrendo em nível nacional. Pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME), também do IBGE, Ramos projeta para este ano uma taxa de desemprego de 7,4%. Em 2014, a taxa fora de 4,3%.

De acordo com ele, o nível (elevado) do desemprego é parte do ajuste macroeconômico e trará, mais à frente, ganhos de produtividade para a economia brasileira. Fará também com que o consumo se ajuste à oferta, disse.

Inflação

Ao avaliar ainda a primeira prévia do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) de julho, de 0,65%, ante 0,47% no primeiro decêndio de junho, o economista do Sicredi disse que a aceleração dos preços no começo deste mês surpreendeu pela elevação a um ritmo maior da inflação agropecuária.

De acordo com Pedro Ramos, a combinação de dois eventos - desvalorização do real e valorização dos preços dos produtos agropecuários - explica o fato de o IGP-M ter ficado acima da sua projeção, de 0,49%. "Só o preço da soja subiu muito rápido", disse, ao se referir à passagem do preço grão de uma queda de 1,07% no fim de junho para uma alta de 2,48% no começo deste mês.

"Essa pressão dos agropecuários deve continuar", explicou. Além disso, de acordo com o economista, há ia inflação de julho reflexos dos ajustes salariais, que normalmente se encerram em maio e junho. Para ele, houve alguns atrasos, o que estendeu a sazonalidade para julho.

De acordo com o economista do Sicredi, a pressão que se observa agora no atacado pode chegar na ponta do consumidor, ou no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) - que mede a inflação oficial -, em até três meses. Quando o choque vem de preços de produtos in natura, que são consumidos praticamente frescos (da colheita até os supermercados levam no máximo três a cinco dias) o repasse é rápido. Mas os preços que mais estão pressionando os IGPs são os grãos, como a soja, por exemplo, que demoram mais para atravessar toda a cadeia até chegar ao consumidor.

Juros

Ainda de acordo com Ramos, quando se olha para os modelos econométricos do Banco Central (BC) e para o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), o Sicredi acredita que a Selic poderá sofrer ainda mais duas altas de 0,50 ponto porcentual.

"Olhando o balanço de riscos do BC, vemos que tem muito o que se fazer. A atividade está fraca, mas olhando os modelos do BC, sugere-se mais duas aluas de 0,5 pp", disse.
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