Dupla poda enobrece vinho produzido no Sul de Minas

Tatiana Moraes - Hoje em Dia
13/05/2013 às 06:39.
Atualizado em 21/11/2021 às 03:37

Minas Gerais se prepara para despontar no cenário nacional de produção de vinhos finos. A partir de uma técnica inovadora criada pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), a uva produzida no Estado fica adequada aos padrões necessários para a fabricação da bebida mais nobre. Com aplicação iniciada em 2000, a técnica – chamada de dupla poda – inverte a colheita. Nasce o primeiro vinho fino do terroir (características regionais que peculiarizam a produção de algum produto) de Três Corações, no Sul do Estado.

No Brasil, a uva é colhida, normalmente, entre janeiro e fevereiro. Ou seja, no verão. Ao serem podadas duas vezes, no entanto, as videiras dão frutos no inverno.

O estudo teve apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ). Os valores não foram informados.

A inversão da colheita por meio da dupla poda vale para toda a região Sudeste do país, conforme afirma o coordenador do Núcleo Tecnológico Uva e Vinho da Epamig, Murillo de Albuquerque Regina. Para o Nordeste, ela é inviável devido ao clima quente. No Sul, o problema é o contrário.

O ideal, de acordo com ele, é que o clima do local onde a uva será produzida registre temperaturas mínimas de 10º e máximas de 27º.

“No Vale do São Francisco, há inversão da colheita mediante técnicas de irrigação. O resultado é parecido”, afirma o diretor -técnico do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Leocir Bottega.

A inversão da colheita melhora a qualidade das uvas e, consequentemente, permite a produção de vinhos de melhor qualidade. “O excesso de chuvas é extremamente ruim para a uva”, explica o coordenador da Epamig.

 

 

Na contramão, o solo seco permite que a fruta concentre açúcar e intensifique a cor, possibilitando a fabricação de um vinho mais saboroso e encorpado. As uvas Syrah, Cabernet Sauvignon, Merlot e Chardonnay foram testadas. Syrah e Cabernet Sauvignon responderam melhor ao processo.


Na prática

A técnica foi testada na produção de vinhos na vinícola Estrada Real, localizada na região de Três Corações. E deu certo. Na primeira safra, a marca produziu 10 mil garrafas da bebida feita a partir da uva Syrah, mas prevê aumentar a produção em breve. Em Belo Horizonte, a garrafa do vinho, chamado de Primeira Estrada, é vendida por cerca de R$ 80.

Em 2014, segundo Marcos Arruda Vieira, um dos proprietários, será produzido vinho sauvignon blanc e, em 2015, espumante brut produzido a partir de chardonnay.


Aportes

Apenas no plantio das videiras, os sócios da vinícola Estrada Real investiram aproximadamente R$ 650 mil. O montante equivale a R$ 50 mil por cada hectare plantado. Foram 13 hectares, nove de syrah e quatro de sauvignon blanc. Há, ainda, os custos com a divulgação da marca e a vinificação (processo que transforma a uva em vinho). Vieira estima que foram investidos aproximadamente R$ 1 milhão para a comercialização da primeira safra do vinho.

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