Em cenário incerto, empresas se reciclam e aumentam faturamento em até 40%

Tatiana Moraes - Hoje em Dia
06/07/2015 às 06:48.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:46
 (Frederico Haikal)

(Frederico Haikal)

Enquanto grande parte do país sofre os efeitos da crise econômica – marcada por inflação nas alturas, queda na confiança do consumidor e pelo aumento do desemprego –, empresas de todos os portes transformam o cenário nebuloso em oportunidade. E, nessa linha, há quem tenha aumentado o faturamento em até 40%.

É o caso da Refimaq, empresa de reparos de eletrodomésticos e eletroportáteis localizada na região Leste de Belo Horizonte. “Como as pessoas não estão comprando produtos novos, elas estão arrumando. E vale a pena. Uma geladeira que custaria R$ 2 mil pode ficar nova por muito menos”, diz a gerente do estabelecimento, Sandra Procópio. De acordo com ela, 40 equipamentos são arrumados por semana, uma média de oito por dia. Apesar de a empresa ser pequena, o retorno tem sido interessante. “Estamos em um nicho de mercado que cresce em períodos de crise”, afirma.

Carona

A empresa responsável pelo aplicativo de caronas solidárias Zumpy, Visual Virtual, também surfa na onda da crise. O aplicativo pontua os usuários a cada interação. Esses pontos, chamados de Z-money, podem ser trocados por prêmios e descontos em 40 lojas parceiras.

O motivo do aumento na procura, de acordo com o diretor da startup, André Andrade, é a possibilidade de a pessoa economizar com a carona, além, é claro, das promoções.

Em um posto parceiro, quem tem Z-money pode pagar R$ 1,69 o litro do álcool. Já o litro da gasolina sai por R$ 2,89. “Somente nas últimas semanas, a troca de Z-money por descontos em combustível aumentou 300%”, diz Andrade.

O sucesso, aliás, surpreendeu. A empresa não lucra com as transações feitas pelo aplicativo, que recebeu mais de R$ 400 mil em investimentos. A intenção era comercializar anúncios a partir de 2016, prazo que encurtou devido à aceleração na aceitação do aplicativo. “Vamos começar a fechar os anúncios em outubro e já temos grandes empresas interessadas”, garante o diretor.

Segundo Andrade, pelo menos 3.400 pessoas utilizam o aplicativo em Belo Horizonte. A previsão é a de chegar a 100 mil até o final do ano.

Para aumentar a divulgação, o Zumpy será lançado em São Paulo em agosto e nas cidades universitárias em breve. “Pelo menos Ouro Preto, São João del-Rey e Lavras”, diz.

Deliveries preenchem o espaço para quem quer ficar em casa

Com a inflação nas alturas, o lazer das famílias é o primeiro item a ser cortado da rotina. A cervejinha, que é facilmente encontrada por cerca de R$ 9,80 nos bares e restaurantes de Belo Horizonte – sem contar os 10% do garçom –, perdem a vez. E é aí que entram os deliveries voltados à bebida.

No Restaurante e Pizzaria Capa’s, localizado no bairro Jardim América, na região Oeste da cidade, a cerveja nacional gelada para entrega sai por R$ 5,50, com taxa a partir de R$ 3. Como as pessoas têm ficado mais em casa, reunindo amigos, as entregas do produto aumentaram 20% nos últimos meses.

Na SOS Goró, na Savassi, a cerveja gelada nacional custa R$ 6,50. A taxa de entrega para até 10km é fixa, de R$ 7. Segundo o gerente-geral, Vitor Abdo Magalhães Siman, nos últimos meses a procura cresceu entre 15% e 20%. Além de as pessoas estarem evitando o consumo fora do lar, ele atribui o bom desempenho à atenção do consumidor à Lei Seca.

Se o aumento na tarifa de energia assusta a maioria da população e chega a ameaçar setores inteiros, inclusive bares e restaurantes, o faturamento da A Geradora, com filial em Belo Horizonte, cresce a passos largos. Para este ano, a empresa prevê alavancar em 10% o aluguel de geradores de energia e em 5% o faturamento total na cidade. Vale ressaltar que, ao alugar um gerador, uma grande empresa consegue economizar até 20% na conta de luz.

Os índices de crescimento previstos para BH são duas vezes superiores ao apurado no restante do país, segundo o diretor Comercial e de Marketing da empresa, José Cândido Terceiro Junior. O motivo é simples. O público-alvo atendido pela filial de Belo Horizonte são as mineradoras e siderúrgicas, molas propulsoras da economia mineira.

As empresas alugam o equipamento para evitar gastar muito com energia nos horários de ponta, entre 17h e 20h ou 18h e 21h, quando a eletricidade de alta voltagem é mais cara. Dessa forma, elas se desconectam da rede de abastecimento da concessionária e se conectam aos grupos geradores próprios.
 

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