Empresas brasileiras estudam listar ações nos EUA

Estadão Conteúdo
09/03/2015 às 10:15.
Atualizado em 18/11/2021 às 06:17

O pessimismo em relação ao futuro do mercado acionário local tem aumentado o interesse de algumas companhias em desembarcar em Nova York. Hoje, existem 27 empresas brasileiras com papéis negociados na Nyse Euronext e a última listagem - da Brasil Agro - ocorreu no fim do 2012. As emissões rarearam depois do advento do Novo Mercado, segmento que abriu as portas para o investimento direto de estrangeiros no Brasil. Agora, o interesse pelo mercado americano voltou.

Advogados ouvidos pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, relatam que as empresas começam a buscar informação sobre a listagem lá fora com a intenção de se preparar para o momento em que uma janela de oportunidade se abrir. A dupla listagem, aqui e nos EUA, também está sendo cogitada.

Alex Ibrahim, vice-presidente para América Latina e Caribe da Nyse Euronext, confirma que já esteve com uma série de empresas interessadas em ingressar no mercado de capitais americano. "Estive no Brasil em dezembro para conversar com executivos que nos procuraram", afirma. No ano passado, em volume negociado, o Brasil liderou o ranking dos países com ADRs (recibos que representam ações de empresas) listadas na Nyse, seguido da China e da Rússia.

Segundo o executivo da bolsa, as companhias com mais interesse em abrir o capital somente em Nova York estão nos setores de tecnologia e agronegócios. "O interesse está ligado ao fato de que elas encontram pares já listados e podem contar com fundos que investem especificamente nesses segmentos", diz. Para Alexandre Barreto, sócio do escritório Souza, Cescon, Barrieu & Flesch, essa opção faz um sentido maior para empresas de tecnologia, que têm mais chances de movimentar um valor robusto na oferta.

A dupla listagem também já está em pauta, principalmente para companhias que possuem papéis na bolsa brasileira, de acordo com o advogado especialista em mercado de capitais do escritório Mattos Filho, Jean Marcel Arakawa. "Como essa é uma operação cara, é uma alternativa para empresas maiores", diz. Além disso, a candidata vai se deparar com um ambiente regulatório diferente, com exigências adicionais.

Sem janela

Por aqui, entre as empresas que já protocolaram pedidos de abertura de capital na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a companhia aérea Azul informou que, quando a operação for a mercado, também emitirá recibos lá fora. A oferta, anunciada no fim do ano passado, foi suspensa diante do cenário desfavorável para a colocação dos papéis. A percepção geral é de mais um ano difícil, a exemplo de 2014, quando só a companhia do setor veterinário Ourofino abriu o capital.

O processo para eventual listagem nos EUA, porém, também depende de uma oportunidade. Mesmo as empresas americanas estão com suas ofertas em compasso de espera. Neste ano, nos EUA foram registradas 27 ofertas públicas de ações, que movimentaram US$ 4,6 bilhões, queda anual de 44%, segundo a Dealogic. A expectativa é de que, por lá, a janela se abra no fim da divulgações dos resultados do quarto trimestre. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
http://www.estadao.com.br

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