Engenheiros ocupam cadeiras de executivos de finanças

Tatiana Moraes - Hoje em Dia
15/05/2014 às 08:25.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:35
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

Se no passado o executivo de finanças era dedicado basicamente aos números da empresa, hoje suas tarefas se multiplicaram. Além de estar por dentro de tudo o que envolve a saúde financeira da companhia, para ser um bom Chief Financial Officer (CFO) é necessário dominar, ainda, o negócio que permeia a organização. A alteração no perfil do profissional fez com a primeira formação do executivo da área também mudasse.

Hoje, os engenheiros engrossam o coro dos CFOs e, ao lado dos formados em ciências contábeis, representam 35% dos profissionais brasileiros, segundo uma pesquisa realizada pela Fesa, especialista em executive search. Segundo o diretor da empresa em Minas Gerais e no Centro-Oeste, David Braga, os engenheiros têm excelente compreensão dos processos das companhias, motivo pelo qual fica mais fácil entender do negócio da organização.

“Hoje, o executivo de finanças tem que ser completo. Entender só de números não é suficiente. Ele tem que transitar por todos os setores da companhia com facilidade, deve entender do que faz a empresa, para quem é a empresa”, diz Braga.

Reinvenção

Para atender às demandas do mercado, o candidato a CFO também deve se reinventar. A primeira dica, de acordo com o diretor é ampliar a formação. Ou seja, se a pessoa é formada em ciências contábeis, por exemplo, vale um MBA em gestão de negócios e outro em gestão de pessoas. Especializações em direito, relações internacionais e logística também são válidas. “Hoje, o CFO é o primeiro candidato à presidência de uma empresa. Ele deve saber de tudo”, afirma o diretor da Fesa.

Falar fluentemente o inglês, ainda de acordo com ele, é fundamental. Outras línguas também são bem-vindas. “Se a empresa tem uma filial na França, o francês é essencial. Por isso, vale a pena investir pesado nos idiomas”, diz.

Apesar das investidas em cursos e melhorias técnicas, ele afirma que o comportamento e o perfil do candidato a executivo de finanças é primordial. Afinal, não é incomum que profissionais contratados apenas pela técnica possam ser dispensados por não apresentarem aderência aos valores ou cultura da organização.

Em momentos em que a economia derrapa, como atualmente, estes profissionais estão entre os que sofrem maior pressão, conforme afirma o diretor da Fesa. Segundo ele, em ambientes nebulosos as empresas se voltam internamente. “E é aí que começa a dança das cadeiras. Quem não está preparado dá lugar a quem está”, afirma.

Psicólogos cedem espaço no RH

Aos poucos, as diretorias de Recursos Humanos também vem trocando a formação de seus comandantes. Antes quase que exclusivamente dominado por psicólogos, o mercado deu lugar a profissionais com primeira formação em outras áreas.

Os formados em administração são, atualmente, a maioria no setor, com 42% dos profissionais. Os psicólogos vêm em seguida, com 31%, seguidos dos bacharéis em direito, com 15%, e os graduados em economia e engenharia, somando 8%. Os outros cursos representam 4%.

Quando o assunto são os gerentes, os psicólogos ainda dominam e respondem por 51% dos profissionais do setor, mas já cedem espaço aos administradores, que hoje respondem por 23% dos gerentes de RH.

Em seguida, aparecem, com 17%, o somatório dos cursos de comunicação, marketing, turismo, ciências sociais, ciências contábeis e letras. Os formados em direito vêm em sequência, com 6% dos profissionais da área. Por último, aparecem os engenheiros.

David Braga, Diretor da Fesa em Minas Gerais e Centro Oeste, destaca que o executivo de RH precisa ter conhecimento sobre diversos subsistemas, como folha de pagamento, desenvolvimento organizacional, recrutamento e seleção, dentre outros. Sobretudo, devem estabelecer parcerias com as lideranças da organização e conhecer profundamente o planejamento estratégico corporativo e resultados necessários a serem realizados.

“Isso tem trazido às empresas a necessidade de buscar profissionais com as mais variadas formações, derrubando a máxima de que um executivo de RH precise ter única e exclusiva formação em psicologia, como acontecia antigamente”, finaliza.

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