Etanol sobe mais que gasolina em um ano, mas mantém vantagem econômica

Bernardo Almeida
bpereira@hojeemdia.com.br
20/01/2020 às 19:50.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:21
 ( MAURÍCIO VIEIRA)

( MAURÍCIO VIEIRA)

Quem abastece o carro com etanol sentiu maior elevação de preços nos postos de Belo Horizonte e região metropolitana ao longo do último ano, em comparação aos motoristas que enchem o tanque com gasolina. É o que aponta um levantamento do site de pesquisas MercadoMineiro: no período, a gasolina teve alta média de 5,52% na cidade, enquanto o etanol subiu mais que o dobro, 11,58%.   

A pesquisa conclui, contudo, que quem puder escolher entre os dois combustíveis (carro flex) deve optar pelo etanol, que ainda sai mais em conta, por equivaler em média a 69% do valor da gasolina comum, além de ser ecologicamente mais correto. Os postos são obrigados a mostrar placas indicando a porcentagem do preço do etanol frente à gasolina, o que também pode ser obtido perguntando aos frentistas. O ideal é que tal preço não ultrapasse os 70% do valor cobrado pelo litro do derivado de petróleo.

Há ainda outro fator que favorece, e muito, a adoção do etanol: embora a gasolina tenha subido menos que o produto obtido a partir da cana-de-açúcar, em 12 meses, o litro dela já rompeu a barreira dos R$ 5 em alguns estabelecimentos. Já o valor máximo do litro do etanol em BH é de R$ 3,69. 

Inflação

Independentemente do tipo de combustível utilizado, os dados divulgados nesta segunda-feira (20) são preocupantes também ao constatar a elevação do preço do diesel, principalmente quando comparados à inflação anual de 4,31%, calculada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em dezembro do ano passado.

“Os três combustíveis em um ano subiram mais que a inflação, o consumidor fica frustrado pois perde o poder de compra”, analisa Feliciano Abreu, coordenador do MercadoMineiro, em referência também ao diesel, que registrou o maior aumento em um ano (11,91%).Lucas Prates

Combustíveis tiveram alta maior que a inflação e variação de preços entre postos diminuiu

“Já tivemos problemas com caminhoneiros no passado”, destaca o coordenador do MercadoMineiro, em alusão à greve que parou o país em maio de 2018 e teve a revogação da alta do diesel como uma das principais reivindicações da categoria. Feliciano também critica a o papel do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) no produto, que encarece o abastecimento em Minas Gerais e muitas vezes estimula os motoristas de municípios próximos ao estado de São Paulo a atravessarem para economizar na hora de encher o tanque.

Diferenças

Enquanto a alta dos combustíveis é negativa para o consumidor, um outro índice sofreu queda, mas tampouco há motivo para comemorar. A variação de preços entre os postos diminuiu de 16,53% para 12,34% na gasolina, de 29,69% para 19,83% no etanol e de 21,31% para 13,16% no caso do diesel. “Não vale a pena atravessar a cidade para consumir um combustível mais barato, o motorista recorre ao posto mais próximo, e quando você consegue abastecer a um preço mais baixo que a média, estimula os postos mais caros a reduzirem o valor”, diz Feliciano, que entende que uma variação saudável para tal cenário ficaria entre 20% e 30%.

O menor preço médio da gasolina comum é encontrado na Região Venda Nova (R$ 4,653) e o maior preço médio está na região Centro-Sul (R$ 4,779). Já no caso do etanol, o preço mais baixo foi encontrado na região Leste (R$ 3,221) e o maior na região do Barreiro (R$ 3,31).

Dicas

Apesar de diferenças entre regiões, Feliciano Abreu não as observa entre os postos das grandes avenidas e aqueles localizados dentro dos bairros. “Se você for aos postos da avenida Teresa Cristina, observará preços semelhantes entre eles, diante da competição, mas se adentrar o bairro Padre Eustáquio, por exemplo, também verá que eles acompanham esses preços para fazerem frente”. Vide regra, a visibilidade do preço dos combustível em cada é inversamente proporcional ao preço, que tende a ser “escondido” pelos postos mais caros.

A diferença de preços pesa mais no bolso de quem trabalha com o carro, como o motorista de aplicativo Evandro Dickson, de 53 anos. Morador de Contagem, há cerca de três anos ele ele ameniza os custos com a utilização do aplicativo de uma rede de postos, pelo qual consegue 5% de desconto no abastecimento em qualquer unidade dessa rede, e que também gera pontuação que pode ser usada para abater em até 6% em compras para a casa em sites parceiros. “Eu gasto 30% do meu lucro em combustível para o carro, então essa economia de cerca de 10% é bastante significativa”, conta.

Nas circunstâncias em que não consegue usar o aplicativo, ele coloca somente o necessário para diminuir o prejuízo. “Há momentos em que preciso abastecer sem poder me dar ao luxo de procurar pelo posto dessa rede, aí nesses casos coloco menos, o suficiente para chegar ao meu destino e depois encher o tanque com o desconto”.Editoria de Arte

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