Extração de minério elevou o peso do PIB industrial de Minas

Bruno Porto - Hoje em Dia
07/11/2014 às 07:46.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:55
 (MARCELO PRATES / BODOK PHOTOS)

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Minas Gerais ampliou em 2,2 pontos percentuais sua participação no Produto Interno Bruto (PIB) industrial do Brasil de 2001 a 2011, apontou pesquisa divulgada nessa quinta-feira (6) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O levantamento, que traçou o perfil dos parques industriais estaduais, apontou que o peso de Minas no setor chegou a 11,5%.   Foi o segundo maior crescimento apurado pelo levantamento, atrás apenas do Rio de Janeiro (2,5 pontos percentuais), e teve a indústria extrativa mineral como a principal responsável.   “A tendência natural é de as regiões Sul e Sudeste perderem participação, dando espaço ao Norte e Nordeste. Mas em Minas Gerais e no Rio de Janeiro percebemos movimentos pontuais que direcionaram o indicador para outro lado. O Brasil passou a exportar petróleo e isso beneficiou o Rio de Janeiro. A China entrou no mercado e gerou boom de preço e demanda por minério de ferro, favorecendo Minas”, disse o gerente de pesquisa da CNI, Renato da Fonseca. Ele acrescentou que o ambiente favorável ao minério de ferro acabou favorecendo também a metalurgia, que tem peso relevante na indústria estadual.   Em 2001 o minério de ferro estava cotado a cerca de US$ 13 por tonelada. Naquele ano, o Estado exportou 155 milhões de toneladas e contabilizou US$ 2,9 bilhões em receitas com as vendas externas. Já em 2011 a tonelada do insumo siderúrgico estava precificada em US$ 177, e Minas Gerais embarcou 330 milhões de toneladas, registrando entrada de divisas da ordem de US$ 41,8 bilhões. Entre 2007 e 2011, segundo o estudo da CNI, a extração de minerais metálicos foi a atividade que mais ganhou participação na indústria estadual: aumentou de 9,3% em 2007 para 15,9% em 2012.   “Esse aumento está ligado à demanda mundial por minério de ferro e aos intensos investimentos realizados a partir da crise de 2009. A base produtiva do Estado é a mineração, e a diversificação é um processo muito lento, mas que pode ser percebido em setores como aeroespacial, biotecnologia e farmacêutico”, disse a economista da Fundação João Pinheiro Elisa Maria Pinto da Rocha.   Do ponto de vista do PIB, praticamente metade (48,9%) da indústria mineira está concentrada em três setores, indicam dados da CNI de 2013: metalurgia (16%), extração de minerais metálicos (15,9%) e indústria alimentícia (16,9%). O peso da indústria no PIB mineiro é de 28,8%, o quinto maior entre as unidades da federação.   Energia e imposto elevam ‘custo Minas’   Em 2011, o PIB da indústria estadual somou R$ 111,3 bilhões e o PIB total do Estado, R$ 386,2 bilhões. Tanto o PIB da indústria como o geral do Estado são o terceiro maior do país. Com 66.072 empresas industriais em 2013, Minas responde por 12,7% do total de firmas que atuam no segmento no Brasil, sendo 72,8% de microempresas, com até 9 funcionários.   O chamado “Custo Brasil”, que engloba alta carga tributária e problemas de infraestrutura, impede o fortalecimento da indústria nacional. No Estado, a pesquisa indica a presença de algo parecido com o “Custo Minas Gerais”. Dentro das fronteiras do Estado as tarifas de energia elétrica para a indústria são 4,4% mais altas que a média nacional e a alíquota para optantes pelo Simples Nacional também são maiores (7%) do que a média do Brasil (6,4%) e do Sudeste (6,3%).   “No caso da energia é uma questão fundamentalmente de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), que é mais alto aqui (em Minas). No caso do Simples, apesar de mais alta a alíquota, as empresas são menos oneradas com custos logísticos porque estão mais próximas do mercado consumidor”, disse o presidente do Conselho de Política Econômica da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Lincoln Gonçalves Fernandes. Com preço médio de R$ 326,89 por Megawatt/hora, a indústria mineira paga a nona energia mais cara entre as 27 unidades da federação.

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