(Frederico Haikal)
A gente não quer só comida, a gente quer carros, geladeira, televisão de LCD... Cada vez mais, o brasileiro aumenta as fatias de seu orçamento para a compra de bens duráveis, como automóveis e eletrodomésticos. Em cinco anos, a quantia gasta com veículos saltou de 5,9% para 6,9% do orçamento familiar. No mesmo espaço de tempo, também aumentou na despesa o montante voltado para a aquisição de aparelhos para o lar - de 1,9% para 2,1%. Em contrapartida, alimentação e educação perderam importância nas despesas orçamentárias, com queda de 16,9% para 16,1% e de 3,3% para 2,5%, respectivamente. Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em sua Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) de 2008/2009 – Perfil das Despesas no Brasil, divulgada na sexta-feira (14), revelam as principais mudanças dos hábitos dos brasileiros em relação a 2002-2003, quando a POF anterior foi realizada. Crédito fácil “O aumento do consumo de automóveis e eletrodomésticos acontece via crédito, já que hoje há maior acesso aos financiamentos do que em 2003. Pessoas que antes não podiam pagar agora podem, pois pagam a longo prazo”, explica o coordenador de economia do Ibmec, Márcio Salvato. Também influenciou a mudança as medidas de redução e de isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para produtos de linha branca e carros, forma que o governo federal encontrou para movimentar a economia após a crise de 2008. Foi nessa onda que a professora de educação física Deborah Marques de Oliveira conseguiu, pela primeira vez, utilizar sua carteira de motorista. Pagando a prazo, comprou um veículo 1.0, mas com direito a direção automática, vidro elétrico, ar condicionado e air bag duplo. “O carro me trouxe mais comodidade e segurança. Realizei um sonho”, revela. Cortes Com possibilidade de ter o seu próprio carro na garagem e uma televisão maior e mais moderna na sala, o brasileiro acabou cortando outras despesas. E sobrou para a alimentação e a educação. “A renda média da população está subindo, mas surpreende o fato de que ela esteja reduzindo os investimentos em estudos. Isso pode fazer a diferença lá na frente”, adverte o coordenador de economia do Ibmec. Leia mais na edição digital