Fechamento do tradicional La Greppia mostra que recuperação do setor será lenta, aponta Abrasel

André Santos
andre.vieira@hojeemdia.com.br
01/11/2021 às 20:24.
Atualizado em 05/12/2021 às 06:10
 (FERNANDO MICHEL)

(FERNANDO MICHEL)

O anúncio do fechamento do La Greppia – tradicional restaurante especializado em massas na capital –, além de pegar a clientela de surpresa, mostrou também que as dificuldades enfrentadas pelo setor  tendem a perdurar por mais algum tempo, mesmo após a flexibilização das restrições de funcionamento causadas pela pandemia da Covid-19. Funcionando há 25 anos no mesmo endereço, na rua da Bahia, 1.196, o La Greppia era um ponto tradicional para pessoas que aproveitavam as madrugadas para fazer as refeições. E foi justamente o impedimento de abrir as portas neste horário que acabou impactando definitivamente a saúde financeira do restaurante, que, antes da pandemia, tinha 44 funcionários e hoje só empregava 10 pessoas. O fechamento foi anunciado nesta segunda-feira (1). O restaurante funcionará em clima de despedida até o próximo domingo (7).

De acordo com Raí Paradela, um dos administradores da casa, 70% do faturamento do restaurante era alcançado nesta faixa de horário. “Infelizmente, tínhamos a marca de funcionarmos 24 horas. Com a pandemia e a proibição de funcionamento nas madrugadas, acabou se tornando inviável o funcionamento”, explicou Raí.

Peso do aluguel

O fechamento do La Greppia mostra a fragilidade de um dos setores mais importantes da economia da capital mineira diante dos efeitos da pandemia. De acordo com estimativa do Sindicato dos Restaurantes, Bares e Similares de Belo Horizonte (Sindibares-BH), aproximadamente 4 mil estabelecimentos de todos os portes do setor fecharam as portas desde março de 2020, início da pandemia. Para o presidente do Sindibares-BH, Paulo César Pedrosa, os altos valores de aluguéis estão entre os principais vilões, inviabilizando muitos negócios. “Não há como continuar indexando os aluguéis pelo IGP-M. É impossível arcar com reajustes na casa dos 30% para um setor que só vem acumulando perdas nos últimos dois anos. A continuarmos sobre esta lógica, muitos outros restaurantes históricos, como o La Greppia, vão fechar as portas”, defende Pedrosa.

Empréstimos
O pessimismo quanto a novos fechamentos é partilhado por Matheus Daniel, presidente da seção mineira da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-MG). Para ele, outros obstáculos financeiros devem piorar ainda mais a situação financeira dos bares e restaurantes da capital. O início do pagamentos dos empréstimos do Pronampe – previstos para o início de 2021 –, aliado à alta nos custos operacionais dos estabelecimentos, devem forçar outros empresários a repensar sobre a viabilidade ou não dos negócios. “Infelizmente muitos empresários não vão conseguir arcar com os pagamentos do Pronampe, principalmente com a alta da taxa Selic que estamos observando. Com mais este custo, aliado às altas que estamos sofrendo de insumos importantes como energia elétrica, gás e alimentos, vai ficar ainda mais difícil manter os negócios em funcionamento”, disse. 

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