Geração de energia elétrica em casa esbarra no alto custo de implantação

Janaína Oliveira - Hoje em Dia
05/01/2015 às 06:43.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:33
 (Carlos Rhienck)

(Carlos Rhienck)

Em tempos de seca e conta de luz mais cara, produzir a própria energia poderia trazer alívio para o bolso de milhares de consumidores e para o sistema elétrico do país. Porém, passados quase três anos da publicação da regulamentação pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que teve por objetivo definir regras para instalação de geração distribuída de pequeno porte, existem hoje no país apenas 299 conexões à rede, entre mini e microgeradores.    Minas Gerais lidera o ranking dos estados com maior número de instalações. São 49, uma dezena a mais que no Ceará, que ocupa a segunda colocação. Em São Paulo, são somente 31, conforme consta no Banco de Informações de Geração do órgão regulador.    Uma das explicações para a baixa adesão é que a norma que permite que o consumidor gere e repasse a sobra da energia elétrica para a concessionária ainda é pouco conhecida pela população. Mas a principal barreira é o alto custo. Instalar painéis solares fotovoltaicos ou microtorres eólicas ainda é caro, e plugá-los na rede pode ser um processo burocrático.    “Temos uma insolação excepcional, mas esbarramos nos preços muito altos. Enquanto não baixar o custo e a incidência de impostos, não teremos uma microgeração em larga escala, o que poderia ajudar a desafogar o sistema nacional”, diz o empresário Walter Fróes, proprietário da CMU Comercializadora de Energia.    Entusiasta da ideia, ele mandou instalar na sua residência, no bairro Mangabeiras, em Belo Horizonte, uma usina solar fotovoltaica com potência de nove kilowatts no pico. Para cada kilowatt instalado, pagou R$ 9 mil, num gasto total de R$ 81 mil. Fróes, entretanto, calcula que só terá o retorno do investimento em 12 ou 14 anos. “Minha conta de luz variava entre R$ 800 e R$ 1 mil por mês. Hoje, pago só R$ 22,79 de taxa de iluminação pública e R$ 41,17 de custo da conexão com a rede. Mas tive que investir. E o preço ainda é um impeditivo à viabilidade econômica da microgeração de energia para a maioria dos consumidores residenciais ”, avalia.    O custo final de instalação, segundo ele, varia de acordo com o espaço. No caso da energia solar fotovoltaica, há um número mínimo de painéis necessários. “Para um prédio residencial ou comercial, por exemplo, dificilmente vai ser possível”, diz. Na média, a instalação de um projeto de uma mini usina solar para atender uma casa com cinco moradores custa a partir de R$ 15 mil. Se a opção for pela geração eólica, a conta fica pelo menos 40% mais salgada. O empresário lembra que a energia excedente injetada na rede pode ser utilizada em um prazo de 36 meses.    Em tese, qualquer pessoa que tenha interesse e recursos para investir pode gerar energia a partir do telhado de casa. Clientes do Estado devem procurar a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). A partir da solicitação, é feito um estudo de viabilidade técnica. São avaliados itens como a capacidade da rede e a necessidade ou não de obras de reforço. A Cemig não retornou ao pedido de entrevista.    Com forte incidência de sol e vento, o Brasil é um dos países mais privilegiados para expansão da microgeração. Estudos feitos pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) apontam que poderiam ser gerados 287 terawatts-hora por ano no país, somente no ambiente residencial. Isso significa 2,3 vezes o consumo de energia verificado hoje nas casas. Atualmente, há 806 mil pequenas turbinas de vento instaladas no mundo, 570 mil na China.

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