Governo e Infraero querem ampliar voos na Pampulha

Giulia Mendes - Hoje em Dia
26/04/2015 às 07:22.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:46
 (Carlos Henrique/Hoje em Dia)

(Carlos Henrique/Hoje em Dia)

O aeroporto da Pampulha, que funciona com movimento reduzido há dez anos, desde que voos com aeronaves de maior porte e entre as capitais foram transferidos para o aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, já tem o aval do governo de Minas para ampliar a operação. De acordo com o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Altamir Rôso, o terminal da Pampulha passará por reformas estruturais para receber mais passageiros. Hoje, comporta até 2,2 milhões de pessoas/ano.

Segundo a Infraero, responsável pelo terminal, um ciclo de obras acaba de ser concluído. O terminal ganhou nova torre de controle, reforço do pavimento do pátio 2 e nova subestação de energia.

E com a transferência da unidade do Centro de Instrução e Adaptação da Aeronáutica (Ciaar), que hoje funciona na Pampulha, para Lagoa Santa, novas reformas e ampliações serão definidas.

“Estamos fazendo estudos sobre a capacidade do aeroporto da Pampulha para saber com quantos voos ele pode operar. A ideia é otimizar a área que é utilizada hoje para taxiar aeronaves. E a área do Ciaar também poderá ser um local para abrigar aeronaves que irão pernoitar. Precisamos definir alguns passos para que o Pampulha volte a operar grandes aviões”, disse Altamir.

A Infraero informou, por meio de nota, que já atualizou o plano diretor do aeroporto para realizar a expansão e que aguarda parecer do Comando da Aeronáutica, já que as instalações são compartilhadas com a Força Aérea Brasileira (FAB).

Para dar início às obras será necessário incorporar a área militar à área atual do aeroporto. O texto da Infraero diz ainda que o assunto está sendo estudado entre a direção da empresa e a FAB e que o crescimento da demanda também definirá as possibilidades de desenvolvimento.

“O aeroporto da Pampulha tem condições de trabalhar com outras companhias. Os empresários que vêm de capitais como São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro e Vitória costumam reclamar que não podem descer no aeroporto de Belo Horizonte. Pampulha pode operar neste sentido sem prejudicar a eficiência do aeroporto de Confins”, explica o secretário.
 
Analista acredita que terminal mantém limitações estruturais

Para o coordenador do curso de Ciências Aeronáuticas da Universidade Fumec, Deusdedit Reis, especialista em segurança de voo e infraestrutura aeroportuária, a Pampulha não tem condições estruturais para operar como antes.

“Seria uma regressão. Não vejo problema em liberar voos nos horários em que o aeroporto está um pouco mais ocioso, afinal, o terminal tem uma boa estrutura para movimentos pequenos. Mas como era antes, na década de 1990, início dos anos 2000, não há estrutura. A razão da transferência para Confins foi justamente essa, Pampulha não dava conta do volume de voos e passageiros que tinha”, disse.

“Se os voos voltarem para a Pampulha será uma competição desigual, todo mundo prefere não sair de BH para pegar seus voos”, completou Deusdedit.

Na pista de pouso e decolagem do aeroporto da Pampulha, não são necessárias reformas para receber aviões de grande porte, segundo o especialista Deusdedit Reis.

“A presidente Dilma Rousseff quando vem a Belo Horizonte desce no aeroporto da Pampulha com aviões Airbus e Embraer, portanto não é inseguro. A pista não tem problema, existe apenas uma dificuldade. Pampulha não tem aproximação de precisão para voo de instrumento. Ou seja, enquanto em Confins pode-se descer até 200 pés (60 metros) quando o tempo está ruim, na Pampulha o pouso do avião só pode ser feito com uma descida de até 800 pés (240 metros). Numa situação como esta, se não tiver visibilidade, o piloto precisa arremeter, não tem outra alternativa, mas isso não é um voo inseguro. Mas não há como melhorar isso com reforma ou equipamento, que seria uma espécie de rampa de três graus, porque de qualquer maneira os obstáculos no entorno da pista não permitiriam uma aproximação segura”, explicou.

Em 2007, a Anac proibiu que aeronaves com mais de 50 assentos operassem na Pampulha. Também estabeleceu que para sair de Belo Horizonte para outra capital, o avião teria que fazer uma escala dentro de Minas Gerais. Essa portaria foi anulada em 2010 e ficou definido que os critérios seriam avaliados caso a caso pela agência. Os voos atualmente autorizados são para aeronaves de até 70 assentos. “A limitação da Anac para aeronaves que comportam apenas 70 passageiros refere-se mais à capacidade do aeroporto de receber essas pessoas e não à segurança da pista”, afirmou Deusdedit.
 
TAM e Gol já avaliam criar partidas de Belo Horizonte

Questionadas pela reportagem sobre a possibilidade de voltar a operar no aeroporto da Pampulha, as companhias aéreas Gol e TAM informaram, por meio de nota, que não descartam ampliar suas operações e que novos voos estão sendo avaliados.

A TAM disse ainda que segue trabalhando para operacionalizar o acordo assinado com a empresa Passaredo para oferecer aos clientes mais nove destinos no país, incluindo Pampulha e Uberaba.

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) autorizou 41 novos voos nacionais diretos do Aeroporto da Pampulha que vão operar ainda em 2015, segundo o deputado estadual Ivair Nogueira (PMDB). Ivair pediu uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, que será realizada no dia 5 de maio, às 15h30, para discutir o “novo plano de desenvolvimento do aeroporto da Pampulha” com representantes da Anac, da Infraero, do Estado, da prefeitura de Belo Horizonte e de outros órgãos envolvidos.

“Qualquer grande metrópole tem que ter no mínimo dois aeroportos em funcionamento total. Queremos saber os reais objetivos do governo”, disse o deputado. Ainda conforme Ivair, a Anac analisa pedidos de 12 novos voos solicitados pela Passaredo e pela Azul Linhas Aéreas.

Neste mês, a Azul lançou a rota entre BH e Vitória, no Espírito Santo. Já no dia 4 de maio, a companhia irá fazer os primeiros voos do terminal com destino a Brasília. No mesmo dia 11, será inaugurado o voo da Azul da Pampulha para o Rio de Janeiro, aeroporto Santos Dumont. Além disso, a companhia aérea Passaredo já iniciou a venda de passagens para voos sem escalas da Pampulha para Porto Seguro, na Bahia, a partir do dia 2 do mês que vem.

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