Governos locais chineses contraem altas dívidas em 2012

Agencia Estado
15/01/2013 às 13:30.
Atualizado em 21/11/2021 às 20:38

O montante de empréstimos para governos locais na China teve um grande acréscimo em 2012, aumentando as preocupações de que a recuperação do crescimento da segunda maior economia do mundo pode ter acontecido às custas de um crescente risco financeiro.

Em 2009 e 2010, os governos locais da China tomaram muitos empréstimos, elevando o nível da dívida pública para cerca de 10,7 trilhões de yuans (US$ 1,7 trilhão), ao passo que financiavam medidas de estímulo para infraestrutura. Em 2011, com o crescimento econômico de volta aos trilhos, o governo reprimiu a emissão de dívida de governos locais. No entanto, dados divulgados recentemente sugerem que uma nova desaceleração econômica, em 2012, pode ter aumento os empréstimos mais uma vez.

Diferente dos EUA, onde os governos locais podem emitir títulos municipais, grande parte dos governos locais chineses são proibidos de tomar dinheiro emprestado diretamente. A criação de veículos financeiros, controlados pelos governos locais, ofereceu uma solução alternativa.

Os títulos emitidos pelos veículos de financiamento dos governos locais totalizaram 636,8 bilhões de yuans em 2012, um acréscimo de 148% ante 2011, segundo dados da China Central Depository & Clearing, empresa mantida pelo banco central do país.

Ao mesmo tempo, empréstimos de trustes - uma parte do sistema financeiro chinês com regulação mais leve - criados para financiar investimentos de infraestrutura, aumentaram em 376 bilhões de yuans nos nove meses até setembro de 2012, um forte contraste em comparação com o recuo de 17 bilhões de yuans no mesmo período de 2011.

O governo chinês não divulga informações regulares ou detalhadas sobre as dívidas dos governos locais. Além disso, os novos dados não oferecem um quadro abrangente. Mas os números sugerem um aumento na contratação de empréstimos, quando muitos governos tiveram de enfrentar uma desaceleração do crescimento econômico e a pressão para pagar empréstimos já existentes.

O principal órgão de planejamento econômico do país, além das instituições reguladoras dos sistemas financeiros e bancários e o banco central disseram em um comunicado conjunto este mês que houve um aumento de métodos não autorizados de arrecadação de fundos pelos governos locais.

As preocupações com a desaceleração do crescimento fizeram com que os governos locais aumentassem os gastos com infraestrutura, recorrendo aos mercados para financiar novos projetos. Investimentos em estradas, em baixa até o final de 2011, registraram aumento de 37% em novembro de 2012, em comparação com novembro de 2011.

Os governos locais também podem estar contraindo empréstimos para pagar dívidas anteriores. Prefeituras tiveram de pagar 1,3 trilhão de yuans em 2012, de acordo com o Instituto Nacional de Auditoria da China.

Veículos de investimento dos governos locais estão pagando um alto prêmio para tomar dinheiro emprestado. Em março, por exemplo, a Fushun City Construction Investment emitiu 150 milhões de yuans um bônus de dez anos, oferecendo um retorno de 8,5%, bem acima da taxa do governo central. O prospecto da emissão informava que os fundos seriam usados para construção de casas a preços acessíveis e projetos de infraestrutura.

Considerando a emissão de dívida do governo central e do Ministério das Ferrovias, o Citibank estima que a dívida total chinesa atingiu 44,3% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012. Esse número não inclui a dívida assumida por bancos estatais, os títulos emitidos para compensar empréstimos inadimplentes em bancos comerciais e outros passivos.

Mesmo assim, essa situação ainda se compara favoravelmente com os níveis de dívida nos EUA, Japão e países europeus. O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima uma dívida bruta de 107% do PIB nos EUA e 236% no Japão no final de 2012.

Além disso, os governos locais da China também têm ativos que poderiam ser vendidos para pagar as dívidas.

No entanto, o aumento da dívida traz riscos elevados. O acúmulo da dívida limita a capacidade do governo da China de aumentar a despesa pública para incentivar o crescimento. Além disso, rolar empréstimos de governos locais significa que os bancos têm menos crédito para oferecer aos empreendedores. Os governos locais também dependem da venda de propriedades para pagar empréstimos, o que aumenta o risco de problemas no setor imobiliário e pode gerar mais empréstimos inadimplentes para os bancos.

As informações são da Dow Jones.
http://www.estadao.com.br

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