Grandes indústrias reduzem produção para vender energia

Tatiana Moraes - Hoje em Dia
02/05/2014 às 07:49.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:23
 (Novelis/Divulgação)

(Novelis/Divulgação)

O aumento de 4,3% no consumo de energia registrada em 12 meses até março, no confronto com os 12 meses imediatamente anteriores – conforme divulgado nessa quinta-feira (1º) pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) na Resenha Mensal de Energia Elétrica –, não deve se repetir daqui para a frente. Pelo menos, não se depender da indústria, que puxou o índice para cima, com crescimento de 1,3% – o maior desde 2012 – na mesma base de comparação.

Entre os motivos estão as indústrias eletrointensivas, que iniciaram espontaneamente um movimento de redução no consumo, com abafamento de fornos, de acordo com o presidente do Conselho de Política Econômica e Industrial da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Lincoln Fernandes.

É o caso da Novelis, em Ouro Preto, e da Alcoa, em Poços de Caldas. Ambas produzem parte da energia que utilizam na produção de alumínio. “Para estas companhias, é mais negócio vender energia (no mercado livre) do que produzir a custos altos (comprando a energia que falta)”, afirmou.

Com a crise do setor energético, o valor da energia no mercado livre nunca esteve tão alto. No último dia 25, a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) fixou o Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) para esta semana em R$ 822,83, o teto permitido para a operação. O PLD é um balizador do megawatt-hora (MWh) comercializado no mercado livre, mas o valor real pode variar de acordo com cada contrato.

Outros setores eletrointensivos, no entanto, não devem contribuir tanto para a redução do índice. Embora a mineração, a siderurgia e a indústria de ferro gusa não estejam comemorando o patamar atual de preços de seus produtos, Fernandes explica que a tendência atual é de aumento da produção para diluir os aumento dos custos com uma escala maior.

Mas, ao menos a Usiminas tem vendido parte da energia que produz, conforme consta do balanço do primeiro trimestre da empresa, divulgado em 24 de abril. No trimestre, a empresa vendeu R$ 74,9 milhões em energia (no mesmo período do ano passado, as vendas foram de apenas R$ 279 mil).

A estratégia da Usiminas foi criticada pelo analista do BB Investimentos, Victor Pena, que afirmou que a venda de energia gera ganhos adicionais no curto prazo, mas ratifica a ociosidade da companhia.

CONSUMO TRIMESTRAL

No trimestre, a aumento no consumo energético foi de 6%, puxada pela elevação de 10% na utilização da eletricidade pelas residências. O índice doméstico é o maior da série histórica. Com a massa de ar frio que chega às regiões Sudeste e Sul, a expectativa é a de que haja redução do consumo daqui pra frente, devido a menor utilização dos equipamentos de ar-condicionado, de acordo com o diretor do Instituto de Desenvolvimento Energético do Setor Energético (Ilumina), Roberto D’araújo.

O comércio, cuja a elevação do consumo foi de 10,8% no trimestre, na comparação com os três primeiros meses do ano passado, também deve ser impactado.

“Esse resultado reflete o expressivo aumento do consumo verificado nos meses de janeiro e fevereiro ocasionado pelo calor atípico nas regiões Sul e Sudeste”, ressalta o relatório da EPE.
 

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