A Helicópteros do Brasil S.A (Helibras), em Itajubá, no Sul de Minas, está a um passo de iniciar o projeto de produção de uma aeronave de asas rotativas desenhada e fabricada integralmente no Brasil. A companhia foi aprovada na primeira etapa do Inova Aerodefesa, programa federal que financia planos inovadores de empresas nacionais voltados para os setores de defesa e aeroespacial.

A Universidade Federal de Itajubá (Unifei) também participa da empreitada e será responsável pelo desenvolvimento de tecnologias visando a nacionalização de grande parte dos componentes, como o projeto estrutural, análise de vibração e ruídos, sistema de trem de pouso, integração de sistemas, simuladores e certificação de componentes.

“Hoje, tudo isso vem da França. Não faremos aqui, por enquanto, o que chamamos de coração do helicóptero: o motor, caixa de transmissão e cabeça do rotor principal. Mas deixaremos isso mais próximo de acontecer”, disse o coordenador do Centro de Tecnologias de Helicópteros da Unifei, Ariosto Bretanha.

O acordo entre a fabricante de helicópteros e a universidade ocorreu por meio da assinatura de um memorando de entendimentos, que permitirá a participação conjunta das partes no Inova Aerodefesa. Os recursos, se aprovados, terão origem na Agência Brasileira de Inovação (Finep), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Ministério da Defesa e Agência Espacial Brasileira (AEB). Segundo a Finep, em 23 de dezembro serão anunciadas as empresas que terão seus projetos financiados.

Exportação

Em março de 2010, a Helibras anunciou a intenção de transformar a planta mineira em um plataforma de exportações, com capacidade para projetar e montar as aeronaves. O plano consiste em fabricar um helicóptero com tecnologia 100% brasileira em uma década.

A Helibras é a única fabricante brasileira de helicópteros e desde a sua fundação, em 1978, entregou mais de 700 unidades no Brasil, sendo 70% do modelo Esquilo, fabricado em Itajubá (MG). A companhia é controlada pela Eurocopter, maior fornecedora mundial do setor, subsidiária do conglomerado europeu de defesa e aeroespacial EADS, também dono da Airbus.

Empresa antecipa cronograma do modelo EC-725

O incremento da capacidade de engenharia da Helibras faz parte do compromisso assumido pela empresa junto ao governo brasileiro quando fechou o contrato de venda de 50 helicópteros modelo EC-725 para as Forças Armadas por € 1,9 bilhão. A nacionalização progressiva do EC-725 faz parte do programa de transferência de tecnologia que dará massa crítica à subsidiária brasileira da Eurocopter para o desenvolvimento de um projeto nacional.

Na semana passada, a Helibras conseguiu antecipar em dois meses o cronograma de montagem integral em Itajubá, no Sul de Minas, do EC-725. A unidade completamente montada em Itajubá recebeu a matrícula BRA 17 e fez um voo de apresentação.

A antecipação do cronograma inaugura a terceira etapa de nacionalização do EC-725, que recebeu em Itajubá itens de pré-equipagem, equipagem elétrica e mecânica e a instalação dos pacotes de missão.

Para atender ao pedido, foram investidos R$ 420 milhões na construção de um novo hangar de 11 mil metros quadrados para abrigar a linha de montagem do EC-725. Também foram feitas adequações da fábrica, como um novo banco de testes e cabine de pintura. O valor também contemplou o treinamento de funcionários brasileiros na Eurocopter, na França, e a vinda de técnicos estrangeiros ao Brasil para acompanhar a implantação da nova linha no país.

Conforme a Helibras, já foram entregues oito helicópteros EC-725, sendo os três primeiros de fabricação francesa, na fábrica da Eurocopter, controladora da Helibras.

O EC-725 tem peso máximo de decolagem de 11.200 quilos, transporta dois pilotos e 29 combatentes, desenvolve 261 quilômetros por hora e tem alcance máximo de 1.282 quilômetros.

A empresa pretende fornecer a versão civil do helicóptero, o EC-225, para o mercado de petróleo e gás. 

Compartilhar