Inadimplência medida pela Fecomercio-RJ cai em junho

Fernanda Nunes
27/07/2012 às 13:06.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:53

Pesquisa realizada pela Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomercio-RJ) com 1 mil entrevistados em 70 municípios brasileiros, no mês passado, registrou que 16,5% dos consumidores possuem alguma prestação atrasada. Em junho de 2011, o porcentual foi de 21,5% e, no auge da crise econômica, em junho de 2009, quando a Fecomércio incluiu o questionamento sobre prestações atrasadas em sua pesquisa, o nível de inadimplência foi de 26,4%.

"A inadimplência ainda inspira atenção. Mas, passado esse momento difícil da economia, a tendência é que a inadimplência ceda nos próximos meses, com o aquecimento do mercado de trabalho", afirmou Christian Travassos, economista da Fecomercio-RJ.

A pesquisa da Fecomercio-RJ revela também que o cartão de crédito está funcionando como uma ferramenta primordial para que as famílias continuem pagando suas contas, o que evita o crescimento da inadimplência. Do total dos entrevistados, 36,4% informaram pagar parcelas no cartão de crédito, um crescimento em relação aos 25,7% registrados em junho de 2011. Não há informação se o pagamento no cartão é à vista ou no sistema rotativo, de parcelamento da dívida com a cobrança de juros. A opção pelo parcelamento da dívida pode ser interpretada como um alerta para um possível aumento da inadimplência no futuro.

Em contrapartida ao aumento do uso do cartão, no mesmo período caiu o porcentual dos que afirmam pagar carnê (de 55,2% para 53,7%), empréstimo bancário de crédito pessoal (de 11,7% para 7,9%) e crédito consignado (de 2,9% para 0,2%).

A maior parte da dívida está relacionada a artigos de vestuário (24,9%), porém foi na compra de eletrodomésticos e alimentos que os consumidores passaram a recorrer mais ao crédito. O porcentual dos que afirmaram que estão parcelando a compra de eletrodomésticos passou de 16,9%, em junho do ano passado, para 20,7% no mesmo mês deste ano. O parcelamento da compra de alimentos passou de 8,4% para 11,2%. Enquanto isso, o endividamento para a compra de veículos, incentivada pelo governo, caiu de 20,4% para 13,8% na mesma base de comparação.

"Parte dos consumidores já quitou a prestação do carro e não tem tanta necessidade de comprar veículo. Para aqueles que têm demanda reprimida, a desoneração (de Imposto sobre Produtos Industrializados para a compra de veículos) facilita. Ainda assim, acredito que o efeito de medidas do governo sobre a demanda só será maior quando as medidas deixarem de ser pontuais para serem estruturantes", argumentou o economista da Fecomercio-RJ.

Para o economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) André Braz, as famílias ainda estão com fôlego para honrar as dívidas. Mas, se aumentar o número de demissões, a capacidade de pagamento será imediatamente comprometida, assim como a força do mercado interno. Para ele, a tendência é que as famílias continuem contraindo dívidas pequenas, porque já estão com parte do orçamento comprometido. Ele não aposta no crescimento da aquisição de veículos ou que irá aumentar o número de casos de reforma da casa e de compra de imóveis.

Em junho, a maior parte das dívidas em atraso era em carnê, que passou de 67,4% em igual mês de 2011 para 70,2%. Caiu, no entanto, o número de consumidores que afirmou estar atrasado no pagamento de cartão de crédito (de 27,4% para 19%), de empréstimo bancário (de 7,1% para 4,1%) e, principalmente, de empréstimo em financeira (de 6,3% para 1,1%).

Questionados sobre como fica o orçamento familiar com o fim das dívidas, 31,6% dos entrevistados responderam que vai sobrar dinheiro; 41,8%, que a renda será a conta certa para o pagamento dos custos mensais; e 26%, que vai faltar dinheiro para honrar os gastos. Caso sobre dinheiro, 30,7% irão poupar para gastar no futuro. Apenas 1,1% pretende comprar carro, menos do que o registrado em junho de 2011 (1,9%).
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