Incentivos não impulsionaram criação de negócios

Daniela Amorim
28/06/2012 às 12:31.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:10

A rodada de incentivos do governo à atividade econômica após a crise de 2008 levou a uma recuperação do emprego e da produção industrial no momento seguinte, mas não impulsionou a criação de negócios. Em 2010, o País recuperou parte das indústrias extintas no pior momento da crise, em 2009, mas não conseguiu voltar ao nível de 2008, segundo os dados da Pesquisa Industrial Anual de 2010, divulgada nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No universo da indústria extrativa e de transformação, o número de empresas aumentou 0,22% na passagem de 2009 para 2010, de 299.082 para 299.753 empresas. No entanto, o montante ainda ficou 3,02% menor que a quantidade registrada em 2008, quando o País possuía 309.089 empresas industriais.

"A decisão de novos investimentos e de abertura de empresas depende de outras variáveis que não só os incentivos, por exemplo, de desoneração tributária que o governo fez, com redução de IPI e Cofins. Isso incentivou muito mais o consumo do que a abertura de empresas", avaliou Rodrigo Lobo, economista da Coordenação de Indústria do IBGE.

As medidas tomadas pelo governo à época remetem às novas tentativas feitas pelo governo de impulsionar a atividade econômica brasileira em meio a um ambiente de crise na Europa. Após a desaceleração na economia iniciada em 2008, que culminou em um recuo de 0,3% no PIB do País em 2009, a equipe econômica tomou algumas ações direcionadas ao setor industrial, como redução das alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) nas atividades de eletrodomésticos, veículos automotores, produtos da construção civil, móveis e bens de capital.

Além disso, houve eliminação da incidência do Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros (IOF) nos financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), entre outras medidas para incentivar a aquisição de bens de capital e reduzir o custo do investimento.

Como resultado, os investimentos realizados pela indústria no ativo imobilizado chegaram a R$ 145,058 bilhões em 2010, após um resultado de R$ 130,587 bilhões em 2009. No entanto, não houve recuperação do investimentos verificado de 2007 para 2008, quando passou de R$ 117,077 bilhões para R$ 137,810 bilhões.

Segundo o IBGE, mesmo com tantos estímulos ao investimento e à produção interna, a indústria não foi capaz de crescer no mesmo ritmo da demanda interna. "A velocidade de crescimento da demanda interna, motivada pelo aumento da renda, do emprego e das condições do crédito, foi muito maior do que a capacidade das empresas de forma geral de se estruturar para atender a essa demanda crescente. Isso fez com que o volume de importações em 2010 fosse bastante significativo, tanto de bens de capital quanto de bens de consumo", notou Lobo.

A pesquisa toma como exemplo o setor automotivo, cuja balança comercial passou de um superávit de US$ 5,1 bilhões em 2007 para um déficit de 6,9 bilhões em 2010, apesar de todos os incentivos do governo à cadeia produtiva nacional. "A balança comercial mostra, de 2007 a 2010, um aumento muito mais expressivo das importações do que das exportações. Dá para perceber isso pelo caso dos veículos automotores, mas o mesmo também é verdadeiro para o resto da indústria", ressaltou o pesquisador do IBGE.

A pesquisa do IBGE também trouxe boas notícias, como o aumento do pessoal ocupado na indústria em 2010, para 8,382 milhões, contra 7,878 milhões em 2009. No mesmo período, a média de pessoal ocupado por empresa saiu de 26 para 28 trabalhadores. A receita líquida de vendas aumentou de R$ 1,666 trilhão em 2009 para R$ 1,958 trilhão em 2010. Já os gastos com pessoal saíram de R$ 240,123 bilhões para R$ 278,093 bilhões. O valor adicionado avançou de R$ 484,428 bilhões para R$ 602,613 bilhões.
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