Indústria automotiva deve produzir acima da demanda nos próximos anos

Bruno Porto - Do Hoje em Dia
11/01/2013 às 09:33.
Atualizado em 21/11/2021 às 20:31
 (Frederico Haikal)

(Frederico Haikal)

Após encerrar 2012 com uma ociosidade média de 25% e com seis novas plantas para sair do papel até 2016 , o setor automotivo pode enfrentar um crescimento da oferta em velocidade superior à da demanda nos próximos anos.

Em 2012, foram inauguradas duas novas plantas (Toyota e Hyundai) que adicionaram 220 mil veículos/ano de capacidade. Até 2016, se os seis projetos de novas plantas ou expansões previstos se concretizarem, a capacidade de oferta será maior em pelo menos 770 mil veículos anuais.

Em paralelo, dificuldades competitivas impedem a expansão das exportações, que registraram tombo de 20% em 2012 sobre o ano anterior. Existe, ainda, o risco de nova alta das importações em 2013.

Balanço

Em 2012, as vendas de 3,8 milhões de veículos foram recordes, com alta de 4,6% sobre 2011. Neste mesmo período, a produção teve queda de 1,9%, com 3,4 milhões de carros fabricados, o pior resultado dos últimos três anos. Estimativas da consultoria PwC apontam para uma demanda interna de 5 milhões de veículos em 2017.

No entanto, em um primeiro momento, o novo regime automotivo pode abrir espaço às importações. Em 2012, foi aplicada uma taxação de 30% para importações de montadoras que não aderiram ao regime. Neste ano, as fábricas que aderiram poderão importar 50% de sua capacidade instalada sem a taxa, uma brecha para os importados.

“Os impactos positivos serão perceptíveis quando o Brasil começar a produzir internamente o que hoje é importado e a desenvolver novos produtos. Isso vai acontecer, mas demanda tempo”, afirmou o sócio da PwC e especialista na indústria automotiva, Marcelo Cioffi.

Custo

A taxação de 30% resultou em uma retração na taxa de penetração dos importados, de 23,6% em 2011 para 20,9% em 2012. A brecha para a importação de 50% da capacidade deve voltar a elevar as importações este ano, avalia Cioffi.

Para o ex-presidente da Ford Brasil e diretor do Centro de Estudos Automotivos (CEA), Luiz Carlos Mello, a demanda, no longo prazo, vai crescer e absorver o incremento da oferta, uma vez que ainda existe “uma grande demanda reprimida”.

No curto prazo, no entanto, ele vê com preocupação as altas taxas de ociosidade e os custos gerados com isso.

“Operar como em 2012, com ocupação entre 70% e 75% da capacidade, é custoso. Capacidade instalada é um indicador de risco”, observou.

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