Industria mineira de vestuário sofre recuo de 6% nas encomendas

Tatiana Moraes - Hoje em Dia
16/07/2014 às 07:54.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:24
 (Andre Brant)

(Andre Brant)

O segundo semestre do ano começou fraco para as indústrias de vestuário mineiras. Nessa época do ano as confecções estão produzindo a coleção primavera-verão, com entrega a partir de agosto, mas as encomendas encolheram cerca de 6% na comparação com igual estação do ano passado. Concorrência de importados chineses e redução da demanda interna são os principais motivos do recuo, apontam empresários do setor.   O movimento fraco vem depois de um primeiro semestre em que o segmento fechou no vermelho. Entre janeiro e maio, o recuo no faturamento foi de 5,28% ante igual período de 2013, quando houve alta de 10,6%, conforme a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).   Na Marcel Philippe, confecção especializada em roupas esportivas e uniformes industriais que produz 20 mil peças por ano, a queda entre janeiro e maio chegou a 7,5% no confronto com igual período de 2013.   E a previsão não é de uma recuperação rápida, avalia o diretor da empresa, Leonardo Felipe Gervásio Aburachid. Ele acredita que somente uma desvalorização do real frente ao dólar possa mudar a situação. “Com o real valorizado, os produtos chineses entram com mais facilidade”, afirma.   Na Bella Pelle, confecção especializada em moda feminina, as encomendas para o verão caíram 5% na comparação com o ano passado. Localizada em Lourdes, região Centro-Sul da capital, a empresa atende à classe A e abastece 80 pontos de vendas espalhados por todo o país.   De acordo com a sócia-proprietária da marca, Soraya Abras, a confecção apostou em lançamentos em Minas Gerais e São Paulo, fator que ajudou a minimizar o recuo do mercado. “As pessoas estão comprando menos”, avalia. No Sul de Minas, onde a produção é voltada para o inverno, a situação é ainda pior. De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria do Vestuário do Sul de Minas (Sindivest-Sul), Ary Novaes, a previsão é a de que as encomendas caiam 10% na comparação com o ano passado.   “Monte Sião e Jacutinga, principalmente, têm vocação para o frio. Ou seja, no verão já existe uma tendência de queda. Neste ano foi mais forte”, comenta.   A indústria de lingerie, fortemente representada em Juruaia, também no Sul de Minas, deve seguir no mesmo caminho, complementa Novaes.   Para driblar os chineses, ele comenta que as confecções do Sul do Estado têm flexibilizado a produção. Há anos em que até quatro coleções são lançadas. “Dessa forma, os chineses não conseguem nos acompanhar e nós saímos na frente. Porém, em 2014 essa tática não foi suficiente para nos salvar, já que a economia não vai bem. Ou seja, nossas perdas aumentaram”, lamenta.     Setor descarta fazer demissões em 2014   O recuo de quase 6% nas encomendas da coleção primavera-verão, conforme o presidente do Sindicato da Indústria de Vestuário do Estado de Minas Gerais (Sindivest-MG), Michel Aburachid, é reflexo da invasão de produtos asiáticos no mercado brasileiro. “Não temos condições de concorrer com os chineses, principalmente, que têm custo de produção menor do que o nosso”, afirma.   O desaquecimento da economia também contribui para a queda, conforme analisa o professor de Economia do Ibmec Marcus Renato Xavier. De acordo com ele, os juros altos encarecem o crédito e reduzem a confiança do consumidor. “O momento é de cautela, embora não haja deterioração do mercado de trabalho”, diz o professor. As 6.729 confecções de Minas Gerais empregam cerca de 74 mil pessoas, segundo a Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Segundo Aburachid, apesar da redução no faturamento, não são esperadas demissões no curto prazo. “Vamos segurar o pessoal enquanto der”, garante.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por