'Inflação da pandemia' corroeu poder de compra dos salários

Leíse Costa
leise.costa@hojeemdia.com.br
06/12/2021 às 19:51.
Atualizado em 08/12/2021 às 01:13
 (Fernando Michel)

(Fernando Michel)

A escalada dos preços na pandemia é impressionante: de janeiro de 2019 até novembro de 2021, óleo de soja subiu 127%; gás de cozinha, 45%; gasolina, 54%; quilo de acém, 92%. No mesmo período, a inflação oficial medida pelo IPCA ficou em 17,99% e o salário mínino, 10,22%, passando de R$ 998 para R$ 1.100. No mesmo período, o dólar subiu 53% em relação ao real. Os dados fazem parte do levantamento realizado pelo site de pesquisas Mercado Mineiro e mostram como a disparada de preços corroeu o poder de compra do salário no período da pandemia.
Quando analisados os valores da alimentação básica, o aumento no preço da combinação clássica brasileira de arroz e feijão chama a atenção. Determinadas marcas de 5kg subiram 55%, passando do preço médio de R$16,39 em 2019, para R$25 hoje. O feijão carioquinha também disparou: o preço médio era R$5,04 e, agora, R$9,19, um aumento de 82%.

Com a disparada nos preços nos últimos dois anos, sem que a correção salarial acompanhasse, o dinheiro compra cada vez menos. O office boy Gleison Alves é responsável pelas despesas de supermercado da família. Ele recebe um salário mínimo por mês e conta que, desse total, mais de 80% é gasto, exclusivamente, em alimentação. “Tudo aumentou muito. Já fiz várias trocas de marcas, substituições de carne por ovo, mas, mesmo assim, só com o supermercado gasto quase R$900”, conta. As outras despesas são pagas pelo pai, já aposentado, de 74 anos. “Antes da pandemia, as coisas estavam mais em conta. Dava para fazer as compras e sobrava um trocado para comprar um iogurte, algo assim.”Arte HD / N/A

 Impacto na mesa de bar

Como demonstra o levantamento, o segmento de bares e restaurantes está entre os que mais sofreram com a inflação da pandemia, já que, na maior parte das vezes, não foi possível repassar a alta nos custos para o cardápio, sob pena de perder clientela.

“O supermercado altera o preço todo dia, sem dó. A farmácia consegue alterar. Restaurantes e bares não podem. Conseguem valores diariamente, existe um cardápio impresso, não é fácil como é para outros setores”, relata Matheus Daniel, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Minas Gerais (ABRASEL-MG). 

De acordo com Matheus, o empresário do segmento só consegue amenizar o repasse porque aprendeu a ser eficiente mesmo com equipes reduzidas na pandemia. “A questão da eficiência engloba o autoatendimento, por meio de QR code no local, e o crescimento de delivery, por exemplo”, diz.

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