Inflação acumulada em um ano pode ultrapassar teto da meta, diz Mantega

Folhapress
09/04/2014 às 17:36.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:02
 (Antônio Cruz/Abr)

(Antônio Cruz/Abr)

Após o anúncio de que a inflação no Brasil acelerou e atingiu 0,92% em março -a maior variação para o mês desde 2003-, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse hoje, em Nova York, que a inflação não passará do teto neste ano. Contudo, ele admitiu que, no acumulado de 12 meses, isso pode ocorrer. 

"A inflação não irá para cima do teto, isso pode acontecer em 12 meses, como já aconteceu, inclusive no ano passado. Porém, de janeiro a dezembro, o governo estará tomando todas as providências para impedir que isso aconteça", disse a jornalistas, após um encontro com investidores estrangeiros na sede do JP Morgan.

Amanhã, o ministro segue para Washington, onde participará dos encontros do FMI.

Tendência de Queda 

Segundo o IBGE, o indicador acumulado em 12 meses se aproximou mais do teto de 6,5% estipulado pelo governo, atingindo 6,15% em março.

Para o ministro, a inflação atingiu seu "máximo" em março, a partir do próximo mês, tenderá a cair. "Depois vem maio, [e ela ficará] menor ainda e, em junho, menor ainda. É passageira."

Mantega justificou o aumento da inflação com o período de seca "que prejudicou a produção hortifrutigranjeira".

"É um período sazonal, tem a ver com a falta de chuvas, mas ele será revertido. É uma questão estrutural, passageira, e em breve nos vamos ver esses preços começarem a cair", afirmou.

Para ele, também era esperado que a proximidade da Copa do Mundo fizesse com que o setor de transportes tivesse uma alta, ajudando a puxar a inflação.

"As empresas aéreas sobem os preços nessa época."

Juros

Sobre um eventual aumento de juros para ajudar a conter a inflação, Mantega desconversou: "Isso tem que perguntar para o Banco Central, ele que vai saber graduar. Hoje estamos com os juros elevados, uma política monetária bastante restritiva, é o papel do BC fazer isso."

Na avaliação do ministro, as tarifas públicas "têm estado comportadas" e "não são responsáveis pelo aumento da inflação".

"Mas temos um problema no setor elétrico e vamos ter alguns aumentos de tarifa. Faz parte das regras do jogo do setor", disse.

Inflação

O resultado de março, de 0,92%, supera o de fevereiro, quando o índice oficial do país havia sido de 0,69%. Em janeiro, a taxa fora de 0,55%.

A inflação repete a maior alta, considerando todos os meses do ano, desde abril de 2003, ou seja, a mais elevada em dez anos. A mesma marca de 0,92% havia sido registrada em dezembro de 2013.

Principal foco de pressão, o grupo alimentação teve um aumento de 1,92% impulsionado por secas prolongadas em algumas regiões e chuvas em excesso em outras.

Dentre os alimentos, importantes itens de consumo quase que diários subiram com força e corresponderam aos aumentos de destaque de março, tais como tomate (32,85%), batata (35,05%), feijão carioca (11,81%), hortaliças e verduras (9,36%), ovos (8,21%) e leite (5,17%). 

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