Investimento para emergentes ainda é grande, diz economista do Santander

Agência Estado
11/02/2015 às 12:24.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:59

O economista-chefe do Santander Brasil, Maurício Molan, afirmou nesta quarta-feira (11), que o ambiente externo é adverso no curto prazo, com queda nos preços das commodities, mas os fluxos para emergentes ainda são grandes. "O dinheiro está lá, cabe a cada país fazer a lição de casa básica para atrair investidores", disse ele durante evento que marca o início das celebrações dos 60 anos da Câmara Espanhola de Comércio.

Segundo Molan, a economia vai entrar no terreno negativo inequivocamente nos próximos trimestres, até mesmo em função dos ajustes na política fiscal que estão sendo implementados pelo governo. Sob esse aspecto, o cenário não é de todo ruim. Para o analista, aparentemente o governo brasileiro percebeu o grau de urgência em relação à política fiscal. "Há sinais claros de que o ministro Joaquim Levy (Fazenda) tem atuado com bastante autoridade para implementar o ajuste", comentou. "O governo estabeleceu um limite. Descartamos peremptoriamente o risco de seguirmos o caminho da Venezuela, Argentina".

Para o executivo, com o déficit primário de 0,6% do PIB no ano passado, se nada fosse alterado esse rombo chegaria a 1% este ano. Isso significa que, para atingir a meta, o governo precisa promover um esforço de mais de 2 pontos porcentuais, o que não é nada fácil. "Um superávit de 1,2% do PIB este ano é praticamente impossível sem reformas", comentou. Ele acrescentou, no entanto, que mesmo sem cumprir a meta o Brasil não deve perder o grau de investimento, mesmo com o risco de contágio em função da crise na Petrobras.

Molan também acredita que os riscos de racionamento de água e energia são relativamente baixos. No caso da energia, a queda na atividade econômica e o aumento das tarifas já contribuirão para reduzir o consumo. Mesmo assim, provavelmente ainda será necessário alguma medida adicional de restrição de energia. Mas ele afirma que, se isso for baseado principalmente em racionalização do uso, teria um impacto pequeno no PIB. No caso da água o problema é mais concentrado na região Sudeste e muitas empresas têm fontes próprias, com outorgas para o uso. Assim, mesmo com racionamento, o efeito seria maior sobre o varejo, não afetando a economia brasileira como um todo de maneira substancial.

Dólar

Na avaliação do economista-chefe do banco no Brasil o dólar deve continuar se desvalorizando nos próximos meses, mas tenderia a se estabilizar entre R$ 2,90 e R$ 3,00 a partir do início do segundo semestre. Isso depende, obviamente, do cenário internacional, já que uma subida mais rápida de juros nos EUA do que o esperado no momento poderia impulsionar o dólar.

Questionado sobre se acredita que o dólar poderia atingir R$ 4,00 no médio prazo, ele disse que para isso acontecer seria preciso uma queda adicional de cerca de 20% nos preços das commodities ou que o País perdesse o grau de investimento e promovesse políticas econômicas equivocadas. "Isso me parece muito pouco provável", afirmou.

Segundo ele, a política monetária e a queda na atividade econômica este ano devem colaborar para manter a expectativas de inflação ancoradas, o que abriria espaço para um corte na Selic já no quarto trimestre.
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