Mercado espera turbulência até que nova equipe econômica seja anunciada

Tatiana Moraes - Hoje em Dia
28/10/2014 às 08:09.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:48
 (Thelma Vidales/Contraste Imagens)

(Thelma Vidales/Contraste Imagens)

No primeiro dia após as acirradas eleições presidenciais que resultaram na vitória da candidata pelo PT, Dilma Rousseff, sobre o candidato do PSDB, Aécio Neves, a Bolsa de Valores de São Paulo (BM&F Bovespa) fechou em 50.960 pontos, com queda de 2,77%, e o dólar registrou alta de 2,56%, fechando em R$ 2,5260. O cenário já era esperado pelos analistas de mercado, que projetam volatilidade dos papéis e da moeda norte-americana no curto prazo.

“O mau humor do mercado continuará até que a equipe econômica da presidente reeleita seja anunciada e aceita”, afirma o chefe de investimento da SLW Corretora de Valores e Câmbio, Pedro Galdi.

De acordo com Galdi, as oscilações mais fortes foram iniciadas na semana passada, quando as pesquisas começaram a indicar retomada de Dilma, que havia perdido força na reta final da campanha, segundo alguns levantamentos.

“Os índices registrados hoje (segunda) apenas confirmaram as reações do mercado na semana passada, que reagiam negativamente”, diz o chefe de investimento da SLW.

Na avaliação do vice-presidente do Conselho Regional de Economia de Minas Gerais (Corecon-MG), Pedro Paulo Pettersen, a volatilidade da bolsa é reflexo de uma luta travada entre o mercado e a democracia. “Em momentos de maior tensão política há maior volatilidade, isso é normal. Daqui para a frente, a expectativa é a de que haja uma correção de um setor pelo outro. Ou seja, se a democracia sair da linha, o mercado corrige. Se o mercado sair da linha, a democracia corrige”, comenta.

Para o longo prazo, o vice-presidente do Corecon afirma que a tendência é a de que as empresas sólidas, que investem em inovação e possuem bons resultados operacionais se estabilizem. “As empresas que perderam valor de mercado e se enquadram neste cenário que citei irão resgatar o valor de mercado”, diz. Ainda segundo ele, essas empresas são boas opções de investimento para quem gosta de aplicar no longo prazo.

Como exemplo do efeito eleição no mercado, ele cita os papéis da Petrobras, que bateram a casa dos R$ 22 na semana passada e encerraram o pregão dessa segunda-feira (27) em R$ 14,45. De acordo com Pettersen, não há nenhum fator, fora as eleições, que seja capaz de derreter as ações da estatal petrolífera. Pelo contrário. “A Petrobras acaba de soltar fato relevante anunciando aumento da produção”, afirma.
 
Dólar deve manter instabilidade
 
Com relação ao dólar, o professor de Economia do Ibmec, Reginaldo Nogueira, estima que até o final deste ano a moeda norte-americana deve seguir em alta.

Além do período eleitoral, que desvalorizou o real, Nogueira cita o déficit externo, que atingiu o máximo em setembro, batendo a casa dos US$ 7,9 bilhões, e o aumento da taxa de juros do banco central americano (FED), programado para o ano que vem, como responsáveis pela alta. “É uma situação difícil de prever, já que no mercado financeiro tudo pode mudar, mas a tendência é de escalada”, comenta.

No entanto, ele ressalta que uma intervenção do governo federal possa reduzir os impactos. “Para isso, a equipe econômica de Dilma deve ser definida, principalmente o presidente do Banco Central e o Ministro da Fazenda”, diz.

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