Minas desponta na oferta de vagas na área de tecnologia, mas faltam profissionais qualificados

Luisana Gontijo
lgontijo@hojeemdia.com.br
12/07/2021 às 07:59.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:23
 (Freepik/Divulgação)

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Ao passo em que vive um cenário de desemprego recorde, com 14,7% da população economicamente ativa fora do mercado de trabalho, o Brasil registra um boom na demanda por mão de obra qualificada nas áreas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e em outras que exigem mais formação. Com 5.004 novos postos de trabalho entre janeiro e abril deste ano, Minas registra o maior crescimento do país.

O aumento no Estado, segundo dados do Monitor de Empregos e Salários da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais (Brasscom), foi de 6,5% em relação ao total de vagas ocupadas no ano passado. Isso corresponde a 8,8% dos empregos do setor.Editoria de Arte 

Em todo o país, revela a Brasscom, o macrossetor de TIC foi responsável por 69.048 contratações, de janeiro a abril deste ano. Ao longo de 2020, houve 10 mil admissões a menos.

A remuneração média do setor em Minas (R$ 3.073) é a sétima maior do Brasil – uma posição a mais que no ano passado, quando o Estado estava em oitavo, informa ainda a entidade.

A Brasscom já vinha alertando que, entre 2018 e 2024, o país ofereceria demanda por 420 mil profissionais nesse macrossetor, o que representa cerca de 70 mil vagas a serem preenchidas anualmente. O estudo “Persona Ti – Caracterização do Profissional de TI no Brasil”, feito pelo Observatório Softex, complementa que 62% desses postos de trabalho estão nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Caso não haja mudanças que estimulem a qualificação de recursos humanos no país, adverte a Brasscom, o mercado de TIC amargará déficit de 260 mil profissionais até 2024.

A Confederação Nacional da Indústria divulgou estudos sobre um possível apagão de mão de obra no país, diz o gerente de Educação e Tecnologia da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Ricardo Aloysio. Um dos agravantes para esse risco, reitera, é que só 8% dos jovens brasileiros buscam uma carreira de Ensino Profissionalizante Tecnológico, contra 30% nos países industrializados.

Infelizmente, a história nos conta de países que fizeram essa opção de não investir na qualificação de mão de obra, e isso significou escolher o suicídio, em vários aspectos”, alerta o doutor em Demografia Mário Rodarte, professor de História Econômica na UFMG. “Se a indústria se amesquinhar mais, onde vai ter emprego para alimentar 210 milhões de pessoas?”, questiona.

“É preciso investir em uma interação maior entre empresas e universidades, para a troca de tecnologia, e as empresas ficariam com esse papel da finalização da formação do trabalhador”, recomenda.

Fiemg anuncia nova unidade de formação em TI para a capital

Antenada com este cenário, a Fiemg, que inaugurou, há pouco mais de uma semana, o Centro de Treinamento e Desenvolvimento da Indústria 4.0, em Contagem, Região Metropolitana de BH, anuncia para este semestre a abertura de uma unidade dedicada exclusivamente a formar profissionais de TI em Belo Horizonte.

O gerente de Educação e Tecnologia da Fiemg, Ricardo Aloysio, pondera que, entre os fatores que impactam nessa dicotomia – de o país ter chegado à taxa recorde de 14,7% de desemprego, ao mesmo tempo em que há uma infinidade de vagas a serem preenchidas – está essa criação de novas profissões, como analista de IOT (internet das coisas), operador e programador de robô colaborativo, analista de big data, digitalizador industrial, entre outras.

Requalificação

Essas novas tecnologias impactam também profissões já existentes”, diz. O técnico de automação de hoje, por exemplo, precisa ter competências diferentes das que eram exigidas desse profissional há cinco anos. “Temos que requalificar quem está dentro da indústria”, frisa.

Aloysio informa que interessados que tenham a partir de 16 anos poderão se inscrever para os cursos oferecidos nas novas unidades do Senai-MG, em Contagem e em BH. Segundo ele, os cursos técnicos que ensinam uma nova profissão não têm pré-requisito.

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