Minas inicia o vazio sanitário da soja

Iêva Tatiana - Hoje em Dia
28/06/2014 às 07:51.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:10
 (Roberto Custódio)

(Roberto Custódio)

Encerrada a colheita da safra 2013, a produção de soja em Minas Gerais dará início ao vazio sanitário, período em que é proibida a presença de plantas vivas nas lavouras. A medida entra em vigor na próxima terça-feira e se estende até 30 de setembro. O objetivo é prevenir a ferrugem asiática, fungo responsável por até 80% de perda da oleaginosa.   “Se houver plantas remanescentes, o parasita continua presente e, logo que vem o plantio novo, ele ataca novamente. Com essa medida, reduzimos a aplicação de agrotóxicos, as perdas na produção e aumentamos a rentabilidade dos agricultores”, afirma o fiscal agropecuário do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) Wagner Aquino Machado.   Neste ano, cerca de 570 propriedades rurais serão fiscalizadas pela entidade. Em caso de descumprimento, o produtor será autuado e terá, no máximo, dez dias para regularizar a situação. Se for reincidente, é aplicada multa de até R$ 3.900.   Efeito   Atualmente, o Estado produz 3,3 milhões de toneladas – o que equivale a quase 4% da produção nacional – e ocupa o sétimo lugar no ranking brasileiro. Desde 2007, quando o vazio foi adotado, o fungo tem atacado apenas 30% das lavouras mineiras.   “Mesmo quando ocorre, a ferrugem asiática é mais facilmente controlada e os produtores têm conseguido combatê-la a tempo. Por isso, eles também têm compreendido a importância de respeitar o vazio”, diz Machado, ressaltando que, no ano passado, apenas sete produtores foram autuados por não cumprir a determinação do IMA.   A estratégia, aliada ao uso de defensivos químicos, será indispensável para que a safra 2014 atinja resultados positivos, já que o veranico registrado entre janeiro e abril reduziu em 11,7% a produção estadual.   “Tivemos um aumento de 10,4% de área de cultivo na colheita deste ano em relação à de 2013, mas a produção caiu em função das condições climáticas”, afirma o superintendente de Política e Economia Agrícola da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), João Ricardo Albanez.   Outros Estados   Além de Minas, outros dez Estados produtores de soja adotam o vazio sanitário na mesma época, definida pela Embrapa: Paraná, Tocantins, Maranhão, Bahia, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Santa Catarina e o Distrito Federal.   Perspectiva da cotação da saca é de estabilidade nos próximos meses   A cotação da saca de 60 quilos da soja está na faixa dos R$ 70 (valor registrado na última quinta-feira). A perspectiva é de que haja manutenção dos preços nos próximos meses.   De acordo com o superintendente de Política e Economia Agrícola da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), João Ricardo Albanez, o patamar atual está remunerando o agricultor, mas existe uma preocupação com o aumento dos custos da produção.   “É de vital importância abordarmos a questão dos investimentos em logística, para que seja possível reduzir os gastos produtivos. No porto de Paranaguá, a saca estava cotada a R$ 70, aproximadamente, no mês passado, mas, no Noroeste, tinha produtor vendendo a R$ 60. Ou seja, R$ 10 de perda só para chegar ao porto”, diz Albanez.   Segundo ele, algumas medidas que já vêm sendo tomadas estão surtindo efeito em Minas Gerais, a exemplo dos investimentos realizados nos terminais ferroviários de Araguari e Pirapora, nas regiões do Triângulo e Norte, respectivamente.   “No ano passado, 5 milhões de toneladas de grãos foram escoadas pelo terminal de Araguari. No de Pirapora, a expectativa é de que sejam escoadas 1,2 milhão de toneladas”, diz Albanez . “É uma parcela pequena, mas é um começo, e é por aí mesmo que temos que seguir”.   Hoje, o Brasil é o segundo maior produtor de soja do mundo, respondendo por 30,3% da produção, ficando atrás somente dos Estados Unidos (33%).   Fungo chegou ao país na safra de 2010   Durante o vazio sanitário da soja, são permitidos somente os cultivos com finalidades científicas para pesquisas de melhoramento genético.   No Brasil, os primeiros registros da presença do fungo da ferrugem asiática nas oleaginosas ocorreu no Paraná, no final da safra 2010/2011.

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