Mulheres empreendedoras já são mais de 30 milhões no país

Leíse Costa
leise.costa@hojeemdia.com.br
18/11/2021 às 20:26.
Atualizado em 05/12/2021 às 06:17
 (FERNANDO MICHEL)

(FERNANDO MICHEL)

Empreender costuma ser uma missão desafiadora para quem sonha em ser patrão, mas, quando se é mulher, as dificuldades são ainda maiores. Às barreiras comuns a todos – como a alta carga tributária, a burocracia, a inexperiência com gestão e a concorrência acirrada –, soma-se um pacote de novos desafios, como a jornada dupla, a maternidade e a cultura machista. Por isso, neste 19 de novembro, Dia Internacional do Empreendedorismo Feminino, mulheres no comando de variadas iniciativas empreendedoras afirmam que há muito o que comemorar, mas também tem bastante para avançar. Segundo estimativas da Global Entrepreneurship Monitor (GEM), uma pesquisa realizada pelo Sebrae em parceria com o Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBPQ), as mulheres empreendedoras já somam atualmente mais de 30 milhões no país.

O estudo mapeou o perfil da mulher empreendera. Ele aponta, por exemplo, que quase 60% das empreendedoras iniciais, com máximo 3,5 anos no mercado, atuam em seis atividades principais: serviços de catering, bufê e outros serviços de comida preparada (17,9%), cabeleireiras (10,6%), comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios (10,5%), confecção de peças de vestuário, exceto roupas íntimas (7,3%), restaurantes (5,8%) e varejo de cosméticos, perfumaria e higiene pessoal (4,7%), sendo que confecção de roupas e varejo de cosméticos e similares só foi citado por mulheres. Segundo o relatório, os homens que empreendem citam 14 principais atividades exercidas no mercado.

“O empreendedorismo feminino tem suas próprias características. Elas têm que enfrentar o preconceito estrutural e múltiplas jornadas. Elas ainda são reconhecidas como as responsáveis pela criação dos filhos, tarefas domésticas, cuidados com os idosos e doentes da família. Se ela estiver competindo com um empresário, terá muito menos tempo e energia para investir no seu negócio”, ressalta Rachel Dornelas, analista do Sebrae Minas. 

Para ela, além da sobrecarga, as mulheres são submetidas a estereótipos sociais. “O homem é educado a se arriscar em uma carreira empreendedora, mas, quando a mulher ousa a fazer o mesmo, muitas vezes escuta que negociação, finanças e matemática não são ‘coisa para mulher’. Ou seja, além dos desafios que ela precisa lidar, ela é alvo desse tipo de sabotagem emocional. Isso pode ser quase que definitivo e pode levar, inclusive, à desistência”, diz.

Em BH, dos 241.052 MEIs registrados na Receita Federal, 46,6% são mulheres, com destaque para cabeleireiras (16.453) e alimentação preparada para consumo domiciliar (6.016)

Resiliência

Em 1984, a empresária Maria Marta Oliveira tinha em suas mãos um feito: um diploma de engenheira civil. No entanto, nunca conseguiu emprego na área. Sem oportunidade no ramo de formação, juntou-se à irmã para empreender nas habilidades culinárias. Assim nasceu a primeira loja da Segredos Caseiros, de comidas congeladas, no bairro Gutierrez. “No geral, mulheres à frente de negócios não era comum. Mas fizemos uma lista do que sabíamos cozinhar, majoritariamente, comidas triviais, do dia a dia e seguimos até hoje, com as comidas mais simples como nosso carro-chefe”, lembra.

Hoje, a marca da empresária, em parceria com a irmã, é uma franquia com sete lojas em Belo Horizonte. A rede emprega 70 pessoas, entre unidades de vendas e fábrica. Experiente, a empresária expandiu os negócios durante a pandemia mundial e não demitiu ninguém. Pelo contrário, contratou oito pessoas. “Minha equipe teve um aumento de 20%. De repente, tudo fechou e nós tínhamos produtos suficientes para atender a demanda que estava acostumada a outro tipo de alimentação rápida, como um restaurante. Nisso, consumidores foram atrás de outras formas de comida, como congelados, e gostaram”, afirma Marta.

Resiliência também é a palavra que define a empreendedora do setor de beleza Daniele do Carmo. No final de 2019, ela vendeu o carro para investir todo o dinheiro no NegraD, espaço focado em cabelos crespos e cacheados. Marcou a data da inauguração: 18 de março de 2020. 

Naquele dia, decretos de emergência contra a disseminação do novo coronavírus foram expedidos por todo país, inclusive na capital mineira. Uma das medidas era o fechamento de comércios não essenciais para diminuir o número de circulação de pessoas nas ruas.

Apesar do baque inicial, a empresária reagiu rápido. “Montei um kit de tratamento específico para cabelos crespos e cacheados, mandei no WhatsApp de todas as minhas clientes Quem comprasse, ganharia também uma consultoria online”, conta. Com a inovação, ela manteve o negócio de pé e tem planos para abrir uma nova unidade.

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