(Carlos Rhienck)
A América Móvil, controladora mexicana da Claro, admitiu que irá negociar uma possível união com Oi e Vivo para comprar a TIM, braço brasileiro da Telecom Italia, segundo informou uma fonte do BTG Pactual. Em agosto, a Oi contratou o banco com o objetivo de formalizar um pacto para adquirir a operadora italiana, que, embora seja a segunda em market share no Brasil - detém 26,93% dos clientes -, atravessa problemas financeiros em sua terra natal. O objetivo é fatiar a TIM entre as três maiores companhias de telefonia móvel do país. A TIM não teria sido comunicada oficialmente sobre a proposta até o momento, mas a decisão deve sair rápido. Afinal, as empresas têm até o dia 23 de setembro para apresentar proposta no leilão da faixa de 700 MHz da internet móvel de quarta geração (4G). O lance mínimo por companhia é de R$ 2 bilhões, aproximadamente. A expectativa é a de que as negociações sejam encerradas antes do leilão, para que a TIM não arque com as despesas do certame. A Vivo ainda não se pronunciou sobre o assunto. No entanto, segundo o ex-ministro das Comunicações e sócio da Orion Consultoria, Juarez Quadros, dificilmente a operadora ficaria de fora da operação. Os motivos são simples. Controlada pela espanhola Telefónica, a Vivo é líder no mercado brasileiro, com 28,75% de share, e não arriscaria perder o posto. Além disso, a possibilidade de crescer com pouco esforço é tentadora. "Aumentando a base de clientes, as operadoras podem oferecer mais planos e produtos agregados. O faturamento cresceria muito", afirma o ex-ministro. Antitruste Outro ponto citado por ele como fator primordial para a entrada da Vivo no negócio são as regras impostas pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Dificilmente o órgão aprovaria a compra da TIM por apenas duas operadoras. "O fatiamento por três já será bastante analisado. Se aprovado, deve haver restrições", prevê. Para se ter uma ideia, se a companhia italiana for divida apenas entre Claro e Oi, a Claro, que hoje possui 24,96% dos clientes de telefonia móvel do Brasil, ocupando a terceira posição no setor, saltaria para 38,46%, ultrapassando a Vivo, primeira colocada. A Oi, que hoje detém 18,50%, a quarta colocada, viria a reboque, e ficaria em segundo lugar, com 32%. Na avaliação do analista econômico especialista em telecomunicações e ex-conselheiro da Telebras, Guilherme Canaa, a Vivo, principal player do setor, é a que tem maior potencial para comprar a fatia da TIM. Segundo o analista, o nível de dívidas da Oi é altíssimo, o que levanta dúvidas sobre a capacidade da empresa de concretizar a operação. E a associação da empresa com a Portugal Telecom não é bem vista pelo mercado. "São duas empresas com problemas financeiros sérios que estão se unindo. Elas terão capital para comprar uma nova e gigante empresa?", questiona. Procuradas, as operadoras não comentaram possíveis negociações.