Novos modelos de gestão e empreendedorismo

30/07/2012 às 23:59.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:58
 (WIKI COMMONS/DIVULGAÇÃO)

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Criativa Birô, no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, amplia os conceitos de economia criativa de forma prática

O estudante Igor Duarte Perdigão apenas sonhava estudar Jornalismo quando em março de 2001 um acidente o deixou paraplégico. Com os movimentos limitados sua aposta atual é a "Joker", uma marca de camisetas que desde janeiro administra, cria as estampas e vende, via internet. O engenheiro Tales Lacerda também aposta nas camisetas como forma de empreender de forma moderna e criativa. No ano passado, juntamente com amigos, lançou a marca de camisetas "Contém 1 Cérebro", que também vende basicamente pela internet. A historiadora e especialista em Mídias Sociais Ana Paula Gaspar criou o Mutz, um guia colaborativo de museus por meio de uma plataforma na Web que conecta museus e pessoas, "a fim de tornar a experiência de visitação a museus algo divertido, democrático ou moderno."

Em comum entre os três, os conceitos de Economia Criativa. Ou na versão mais acadêmica: "Modelos de negócio ou gestão que têm origem em atividades, produtos ou serviços desenvolvidos a partir do conhecimento, criatividade ou capital intelectual de indivíduos visando a geração de trabalho e renda." O conceito começou em Londres, ainda década de 90 e decolou rumo ao mundo. Em Minas Gerais, ainda que em fase embrionária, este conceito tem um for te viés cultural e não foi encampado segundo as doutrinas econômicas. Sua gestão e disseminação passam pelo corpo técnico da Secretaria da Cultura.

Geralmente são produtos e ser viços de certa forma intangíveis, mas essenciais para a sociedade contemporânea. Principalmente quando o consumidor procura produtos e serviços feitos de forma sustentável e com valores éticos, além de proporcionar identidade e autenticidade. Nesta cesta de produtos e serviços cabem áreas como artes plásticas, teatro, dança, moda, design, arquitetura, gastronomia, turismo, audiovisual,produção cultural, desenvolvi mento de softwares, entre outras. Sintetizando, é um novo modelo de gestão e negócios baseado no bem intelectual, e não no industrial ou agrícola.

Estampas

A marca Contém 1 Cérebro (ou C1C) aposta na mão de obra mineira e em um trabalho cooperativo que, ao todo, envolve 15 pessoas, entre ilustradores, designers e fornecedores. São camisetas com citações que remetem a questões político-filosófico, sem esquecer da qualidade da malha. Mas o conceito de Economia Criativa vai mais além. "Muitas vezes deixamos de comprar ou fazer algum tipo de serviço em São Paulo, que costuma ser mais barato, para dar preferências às empresas mineiras", ilustra Lacerda.

Além disso, Lacerda diz que os temas e frases estampados nas camisetas são escolhidos após uma intensa troca de ideias com movimentos culturais e as pessoas envolvidas. "Nosso foco é valorizar a ciência, a arte, a cultura e a filosofia", teoriza. Para Igor Perdigão, a "Joker" aposta na diversificação e, também, na preferência a fornecedores e designers mineiros. "Ainda estamos sentindo o mercado, mas não perdemos em qualidade para nenhuma confecção do Brasil", garante.

Inspirada em seu trabalho no Museu das Minas e do Metal, Ana Paula Gaspar começou a pensar em uma maneira de tornar os museus mais atrativos e espantar a ideia de que são elitistas.

Somado a isso, também é preciso angariar mais recursos. "Nenhum museu é autossustentável.Nem o Louvre", informa. Depois de muita pesquisa, Ana Paula chegou ao Mutz. Com a ajuda de técnico em sistemas e desenvolvimento Web, desenvolveu uma plataforma que une um site, uma revista eletrônica e a possibilidade de os usuários compartilharem experiências, postando vídeos e fotos dos museus visitados.

Para auxiliar empreendedores culturais, como Igor, Tales e Ana Paula, Minas será um dos cinco estados a receber o Criativa Birô, uma parceria entre o Ministério da Cultura e a Secretaria de Cultura. Nas dependências do Palácio das Artes funcionará um Centro de Apoio que ampliará os conceitos de Economia Criativa de forma prática. Serão oferecidos serviços de consultoria e assessoria, formação técnica em gestão, fornecimento de informações sobre linhas de crédito disponíveis no mercado, promoção de articulação institucional e fortalecimento de redes e coletivos. Uma espécie de incubadora de empresas.

Serão investidos R$ 1,5 milhão na implantação do Criativa Birô em Belo Horizonte, por meio de recursos do Ministério da Cultura, da Secretaria de Estado de Cultura e do Sebrae-MG. A verba será aplicada na infraestrutura do espaço e na estrutura administrativa. Também serão oferecidos cursos e oficinas de gerenciamento de projetos; captação e gestão de recursos financeiros; reconhecimento de oportunidades e marketing.

Minas Gerais tem uma das produções culturais mais ricas do País e essa situação produz um impacto positivo na economia das cidades. Com o Criativa Birô, o objetivo é proporcionar um ambiente de troca de ideias e investimentos, capaz de abrir novas oportunidades de negócios que gerem renda e trabalho sustentáveis e, ao mesmo tempo, promovam a cultura mineira, a partir do fortalecimento e incremento da economia criativa.

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