OCDE reduz crescimento mundial e prevê recessão grave no Brasil

AFP
18/02/2016 às 10:53.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:28

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) confirmou nesta quinta-feira (18) seus temores sobre a saúde da economia global, reduzindo suas previsões de crescimento pela segunda vez em três meses.

Enquanto que para o planeta, a OCDE espera agora um crescimento global de 3% este ano, contra 3,3% estimado em novembro, quando já havia cortado sua previsão em 0,3%, para o Brasil, a instituição prevê uma recessão ainda mais profunda.

A OCDE enfatiza estar decepcionada com a desaceleração nos países emergentes e a recuperação muito modesta das economias avançadas.
Assim como o Fundo Monetário Internacional (FMI), que também revisou para baixo seus números em janeiro, a organização com sede em Paris, baseia-se nos "recentes dados decepcionantes" do crescimento mundial, temendo as consequências do declínio dos preços do petróleo e das matérias-primas, bem como a desaceleração da economia chinesa.

A desaceleração é generalizada, observa a OCDE, ressaltando que não há uma locomotiva real que impulsione o crescimento, como nos últimos anos quando o crescimento nos mercados emergentes poderia compensar a desaceleração nos países desenvolvidos.

"O crescimento do PIB mundial não deve ser maior este ano do que no ano passado, que já foi o mais lento dos últimos cinco anos", alertou na revisão das suas previsões econômicas.

Para 2017, ela também reduz a sua primeira previsão publicada há três meses de 3,6 a 3,3%, esperando uma ligeira recuperação do crescimento.
"O crescimento desacelerou em muitas economias emergentes e a recuperação é muito modesta nas economias avançadas, com preços baixos que deprimem os exportadores de commodities", diz a OCDE, pessimista em praticamente todas as previsões.

Ela amputa em 0,5% ass previsões de crescimento para os Estados Unidos e em 2% para a Alemanha, que caiu para 1,3%. A França se mantém praticamente estável (-0,1%) para 1,2%, inferior ao crescimento de 1,5% esperado pelo governo.

Se as previsões para a China se mantém inalteradas, em 6,5%, e na Índia a 7,4%, o Brasil é o mais severamente cotado pela OCDE, que agora prevê uma recessão atingindo -4% em 2015, contra 1,2% há três meses.

Instabilidade financeira

Comentando sobre as quedas muito acentuadas dos mercados financeiros desde o início do ano, a instituição também alerta para o "risco substancial de instabilidade financeira" e adverte que algumas economias emergentes "são particularmente vulneráveis às oscilações das taxas cambiais e aos efeitos da elevada dívida doméstica" em dólares.

"O rápido aumento da dívida privada nos países emergentes e o nível relativamente elevado da dívida a níveis históricos são um risco chave em muitas economias emergentes, especialmente a China", prevê a organização que reúne as economias desenvolvidas e as principais emergentes.

A poucos dias de uma reunião de ministros das Finanças do G20, em Xangai, a OCDE defende uma "resposta política coletiva mais forte para o fortalecimento da demanda", observando que "a política fiscal é restritiva na maior parte das principais economias"e que a política monetária adotada pelos bancos centrais atingiu os seus limites para relançar o crescimento.

"Os Estados podem atualmente adotar a longo prazo taxas de juro muito baixas", ressalta a organização, observando que muitos países têm agora "uma margem para fortalecer a demanda através da política fiscal".

"Um compromisso de aumentar coletivamente o investimento público iria impulsionar a demanda, mantendo um ritmo fiscal sustentável", diz ela.

Finalmente, a organização parece preocupada com a situação na Europa e chama os países membros a "falar a uma só voz para promover a unidade e o crescimento", particularmente citando as diferenças que surgiram durante a crise migratória, "as ameaças externas à segurança, a impopularidade das medidas de austeridade e as forças centrífugas de alguns países", em uma referência implícita a casos como a Catalunha.

"Essas incertezas políticas podem tornar mais lentos os investimentos e pode levar a condições financeiras mais difíceis", explica a organização.

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