Ouro Preto cruza os braços para turistas

Tatiana Moraes - Hoje em Dia
25/05/2014 às 07:41.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:43
 (Samuel Costa/Hoje em Dia)

(Samuel Costa/Hoje em Dia)

Enquanto Belo Horizonte se prepara exaustivamente para atender aos 384,7 mil turistas que devem visitar a cidade durante a Copa do Mundo – que vai de 12 de junho a 13 de julho –, Ouro Preto, o principal destino turístico histórico do Estado, parece ter cruzado os braços para o Mundial. O município, localizado na região Central de Minas Gerais, não fez investimentos em hotelaria ou ergueu novos restaurantes e conta com a estrutura que já possui para atender o público.    Durante todo o mês de junho, 130 mil turistas devem passar pela cidade, que não tem, sequer, uma rua enfeitada de verde e amarelo. O número equivale a 4,3 mil visitantes diários, conforme estima o secretário de Turismo, Indústria e Comércio de Ouro Preto, Jarbas Avellar, e representa menos da metade do verificado na Semana Santa, quando a média de público é de 10 mil a 12 mil turistas por dia. “No Carnaval, atendemos a 70 mil pessoas diariamente, e damos conta”, compara.   Em visita a Ouro Preto na última quarta-feira, a estudante paulistana de filosofia Aline Ramos criticou a forma como os turistas são tratados na cidade histórica. “São 13h e não consegui achar um restaurante aberto. As igrejas estão fechadas, assim como o parque da cidade e a Ópera. Falta estrutura. Sempre que fazemos uma pergunta, as pessoas tentam nos vender algo”, diz.   Fechado   Durante a Copa, é possível que a situação se repita. As igrejas, por exemplo, não terão horário de funcionamento especial. Hoje, os 12 complexos religiosos da cidade abrem em uma parte do dia devido à falta de mão de obra, conforme aponta o secretário. “A maioria delas fecha na hora do almoço, entre 12h e 13h30, mais ou menos. O esquema será o mesmo na Copa”, comenta.   Se Aline fosse estrangeira e não dominasse o português, o problema dela seria maior. Dos 84 guias cadastrados na Prefeitura, apenas oito falam inglês. De acordo com Avellar, no entanto, a quantidade de profissionais que atua em Ouro Preto é maior. “São mais de cem. Muitos não estão com o cadastro em dia, mas trabalham. Além do inglês, alguns falam francês, italiano e até mandarim”, afirma o secretário.   Para o gestor da Rodoviária da cidade, Paulo Roberto do Amaral, não serão necessários investimentos para a Copa. De acordo com ele, semanalmente 55 mil pessoas desembarcam na cidade pelo terminal. Durante o Mundial, o número será semelhante. “Se não for menor”, calcula.    Ele explica que pequenas melhorias serão feitas para a Copa. Entre elas, a instalação de dois televisores, que poderão ser utilizados por quem espera os ônibus para embarcar. Há pouco tempo, as placas receberam uma tradução em inglês e, portanto, não serão alteradas. Um funcionário poliglota também foi solicitado à Prefeitura.    Pessimista, comércio não ampliará atendimento   A proprietária da lanchonete e da loja de souvenirs que funciona no terminal rodoviário, Regina de Paula, espera um público pequeno em Ouro Preto durante a Copa do Mundo. Tão pequeno, que ela dará férias para dois dos oito atendentes durante o Mundial da Fifa.    Regina acredita que poucas pessoas utilizem os ônibus rodoviários para chegar à cidade na Copa. “Quem vier, chegará de carro convencional ou van. A rodoviária ficará deserta. Acreditamos que manifestantes fecharão as rodovias impedindo que os turistas cheguem aqui”, afirma.   Um pouco mais otimista (mas nem tanto), a responsável pelo restaurante Ouro Preto, Carolina Santos, acredita que o movimento vá aumentar, mas não o suficiente para ampliar a mão de obra ou para fazer investimentos. “Temos seis atendentes e vamos permanecer com este quadro”, comenta Carolina.   Na loja de presentes Pauapique, a vendedora Cínthia de Paula afirma que não vê necessidade em contratar mais funcionários. “O movimento não deve aumentar”, diz.    Na avaliação do presidente do Convention & Visitors Bureau de Ouro Preto e do Circuito do Ouro, William Adeodato, o desânimo dos comerciantes é reflexo do cenário econômico mundial, que está nebuloso. “O estímulo dos empresários para a Copa do Mundo é pequeno. Poucos estão otimistas”, afirma. Apesar disso, ele diz que durante os 30 dias de evento Ouro Preto ficará em destaque no cenário nacional e é dever dos lojistas atender aos turistas da melhor maneira possível.

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