Pátio lotado garante carro novo com preço antigo em BH

Iêva Tatiana - Hoje em Dia
08/01/2014 às 07:17.
Atualizado em 20/11/2021 às 15:12
 (Ricardo Barstos)

(Ricardo Barstos)

A perspectiva de reajuste de 2% a 3% nos preços dos carros, como reflexo da recomposição do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) na virada do ano, não foi suficiente para gerar uma corrida de consumidores que esvaziasse os pátios das concessionárias. Em Belo Horizonte, as lojas ainda têm estoques de carros com IPI reduzido correspondentes a 25 dias de vendas. A aposta dos empresários é a de que as promoções e os preços sem aumento atraiam os consumidores.

Além do preço com IPI reduzido, algumas lojas estão apostando em promoções como emplacamento, tanque cheio e pagamento parcial ou total do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA).

“A recomposição do IPI já vinha sendo discutida, então, reforçamos nossos estoques para continuar oferecendo carros mais baratos em janeiro. Com exceção do Fiesta, ainda temos todos os demais modelos com redução nos preços”, afirma o gerente de vendas de veículos novos da BHFor, concessionária Ford, Leandro Mourão.

Além do IPI majorado, também vai pressionar os preços dos carros faturados neste ano a obrigatoriedade de air bag e freio ABS. A projeção era de reajuste de R$ 1.500 por conta desses itens.

“Ainda não recebemos as novas tabelas de preços da montadora, mas a diferença não deverá ser muito grande, porque já vínhamos trabalhando com esses itens há algum tempo. Hoje, os veículos equipados com eles custam cerca de R$ 1.200 a mais”, diz o gerente de venda de novos da Garra, revendedora Volkswagen, Milton Diniz.

De acordo com ele, a diferença no preço, compensada pela redução do IPI, não afastou o consumidor da loja. Só no último fim de semana, a concessionária registrou 60% de aumento no ritmo de vendas. “O cliente preza pela sua segurança e quase todos os carros da marca já vinham com air bags e ABS. Além disso, estamos oferecendo um GPS grátis ou emplacamento”, afirma Diniz.

Segundo o gerente de veículos novos da Tecar, revenda da Fiat, Wesley Henriques, apenas o Palio Fire, o Uno Mile e o Siena EL não eram fabricados com os equipamentos de segurança agora exigidos por lei. “No caso do Siena, falta apenas o ABS, o que resulta em R$ 600 a mais. Para o Palio, o aumento é de R$ 1.500. Mas é possível negociar esses valores para modelos em estoque”, afirma Henriques.

A fisioterapeuta Priscila Lima, de 29 anos, foi atraída pelas promoções. Ela afirma que a meta da família é trocar todos os modelos antigos da casa por novos já equipados com freios ABS e air bags. “Se der para conciliar com a redução do IPI, fica melhor ainda”, diz Priscila.

Montadoras preveem ritmo lento de vendas neste ano

O ritmo mais lento na evolução das vendas de veículos no Brasil deve se estender para as linhas de montagem neste ano. As fabricantes esperam um desempenho modesto em todos os indicadores em 2014.

Em 2013, a produção de veículos cresceu quase 10%, apesar da queda de 0,9% nas vendas, impulsionada por exportações maiores e restrição a importados.

Os dois indicadores devem ficar mais próximos neste ano, na previsão das montadoras.

A expectativa é de que as vendas avancem 1%, para 3,81 milhões de unidades, e a produção cresça 0,7%.

Para a Anfavea, haverá redução nos dois fatores que contribuíram para elevar a produção no ano passado: substituição de importações e avanço nas exportações.

“A substituição dos produtos importados não se dará numa velocidade muito grande que possa alavancar a um nível muito grande”, afirma o presidente da Anfavea, Luiz Moan.

As vendas externas devem crescer 2,1%, para 575 mil unidades. Em 2013, o aumento foi de 26,5%. A Anfavea considera o ano como um período de transição para as exportações, com a negociação de novos acordos automotivos e a entrada de produtos mais competitivos.

A perda do ritmo nas montadoras acontecerá apesar da redução dos níveis de estoques. Os veículos parados nos pátios de montadoras e concessionárias do país eram suficientes para 30 dias de vendas em dezembro, ante 43 dias em novembro, nível que vinha sendo considerado elevado pelos analistas.

Uma melhora nas vendas e a redução no ritmo da produção em dezembro ajudaram a diminuir os estoques.

Já a previsão da leve retomada nas vendas em 2014 é explicada por uma melhora nos financiamentos, com a expectativa de crescimento de 5% no estoque de crédito.

“Parte dessa queda se deve pela seletividade do crédito. Tivemos um ano bastante difícil por parte do crédito”, afirma Moan.

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