Parque solar mineiro vai demandar R$ 1 bilhão

Tatiana Morais e Giulia Mendes - Hoje em Dia
Hoje em Dia - Belo Horizonte
27/04/2015 às 06:17.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:47
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

Os primeiros parques solares, com produção de energia fotovoltaica, começam a se tornar realidade em Minas Gerais. Até o fim de 2017, serão instaladas seis usinas de energia. É o que afirma o secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Altamir Rôso. Um leilão estadual para implantação de parques com capacidade total de 200 MWpico deverá ocorrer em agosto deste ano e receber as primeiras propostas em até 30 dias após a divulgação do edital. Segundo Altamir, o investimento para a instalação das usinas fotovoltaicas está estimado em R$ 1 bilhão. A energia será suficiente para abastecer o consumo de 120 mil famílias de porte médio. O leilão permitirá ainda a instalação de fábricas para montagem dos painéis fotovoltaicos, com investimento estimado em R$ 100 milhões. A iniciativa faz parte do programa Energias de Minas e prevê isenção de ICMS para as empresas que se interessarem na construção dos parques.

Como está o andamento dos processos para a instalação dos parques solares?
Este ano vamos ter mais um leilão federal e um leilão estadual, abrindo a possibilidade de implantação de outros parques e fazendas energéticas no Estado. Para se ter uma ideia, o leilão estadual de 200 MWpico vai exigir um investimento em torno de R$ 1 bilhão, valor muito representativo. O edital sai neste ano, provavelmente em agosto, estamos terminando a formatação dele. Dentro desse leilão existem incentivos de ICMS, as empresas serão isentas por dez anos, justamente para que se instalem e usem a energia fotovoltaica. Uma das exigências do nosso leilão é que a empresa também fabrique as placas solares aqui em Minas. Vamos continuar importando alguns componentes que não conseguimos fabricar ainda no Brasil, mas toda a montagem das placas será aqui. O importante é que, desta forma, vamos gerar mais empregos e impostos oriundos tanto das empresas que vão montar os parques solares como das que vão fabricar as placas. Uma empresa entrará comprando e outra fornecendo energia produzida nas usinas.

Quantas empresas já têm interesse neste setor?
Algumas empresas já têm procurado o Estado para montagem dos parques. As empresas que nos procuraram pedem para não divulgarmos os nomes ainda por estratégia. Só para a fabricação de placas solares são cinco empresas interessadas. Quem optar por fabricar as placas não poderá montar os parques. Serão empresas diferentes.

Minas Gerais passou a ser um Estado atrativo para empresas deste setor, vamos abrir um caminho imenso com esses leilões que estão por vir. Será uma energia nova, limpa, que vem completar e diversificar a nossa matriz energética. Se já pudéssemos contar com energia fotovoltaica e até eólica, com usinas bem implantadas no Estado, neste momento de crise hídrica, talvez não estaríamos nesta situação.

Onde as usinas serão instaladas?
São vários locais. Preparamos um mapa que mostra os locais mais interessantes para montar, em função da incidência solar. Esse mapa é praticamente de todo o Norte de Minas e também do Triângulo Mineiro. Temos essa vantagem com relação aos outros estados. São Paulo, por exemplo, não tem a incidência solar que temos aqui e lá já existem e estão sendo montados outros parques, assim como na Europa. Na Espanha, por exemplo, é muito comum. Quase 20% da energia da Alemanha já é alternativa, mesmo com o inverno europeu, que quase não tem sol. Se lá é viável, quer dizer que a nossa condição em Minas Gerais é muito privilegiada. Esse é o primeiro parque solar que vamos fazer e ele passará a ser um modelo. Como há uma necessidade muito grande e crescente de geração de energia elétrica e de diversificar a matriz, com certeza, a partir deste projeto, vamos começar a planejar os outros.

Após o recebimento das propostas, quanto tempo será preciso para a implantação das usinas?
A partir da publicação do edital, em até 30 dias receberemos as propostas. Daí, se as licitações ocorrerem em 2015, dois anos depois, em 2017 os parques já deverão estar operando. O processo é rápido e simples, porque não é como uma usina hidrelétrica, por exemplo, que todas as obras precisam de desvios de rios. Neste caso dos parques solares, pode-se montar uma parte, que começa a operar antes que todo o resto esteja pronto.

Já existe uma previsão para fazer um leilão para produção de energia eólica?
Ainda não temos nada previsto para parque eólico, pois a nossa capacidade é bem menor. Temos estudos que mostram que a nossa capacidade para produzir energia fotovoltaica é muito maior, muito propícia no Estado, então temos que aproveita isso.

E para o gasoduto, qual é a previsão?
O gasoduto será feito, o próprio governador Fernando Pimentel já declarou isso, mas ainda não temos uma definição. Ainda é objeto de estudo da Cemig e da Gasmig, mas existe uma grande possibilidade que faça a ligação do município de Queluzito à cidade de Uberaba. É importante criar um novo eixo de crescimento para indústria mineira. Seria uma forma muito positiva de diversificar a indústria. Terminando esses estudos, teremos a certeza de que o gasoduto será feito. A fábrica da Petrobras de fertilizantes, que fica em Uberaba, só conseguirá operar se tiver gás. Neste caso, o gás é um insumo, é necessário para fabricar amônia. Assim como a metalurgia não consegue trabalhar se não tiver minério, a fábrica de fertilizantes não pode trabalhar sem gás. Então, ele tem que chegar para a fábrica funcionar. Acredito que não deve demorar muito, esperamos que os estudos saiam nos próximos 30 dias.

Caso a instalação da fábrica atrase ou não saia, ainda assim o gasoduto será feito?
Um gasoduto só é viável onde existe uma demanda, pois o custo do gasoduto é muito alto. E para compensar o investimento é preciso que a demanda seja grande. Uberaba é o grande consumidor desse gás, mas não colocaria em dúvida, em momento algum, a implantação da fábrica. Hoje o Brasil importa quase 80% do fertilizante que consome, então quando se colocou essa possibilidade da fábrica foi uma decisão estratégica. O país produz 200 milhões de toneladas com a agricultura. A produção de alimentos, portanto, não pode mais depender do exterior para obter 80% do insumo mais importante da agricultura. Precisamos realmente melhorar a capacidade produtiva. Se tirar o fertilizante da agricultura, a produção brasileira cairá cerca de 50%. Por isso, o governo federal entendeu que precisamos melhorar nossas condições. É um compromisso de governo, pensando nisso, a fábrica deve ser construída. O que pode acontecer é uma readequação de cronograma, isso é possível. Hoje, a previsão é a de que a fábrica entre em operação no fim de 2017. Seriam dois anos de obras, a elaboração da planta está em andamento, mas precisamos ter cuidado, por conta da situação econômica do país.

Que tipo de empresas o Estado espera atrair nos próximos anos?
Todo tipo de empresa é importante, empresas voltadas para a alta tecnologia são mais interessantes, mas isso vai depender muito das regiões. No Norte, precisamos de empresas com geração de grande mão de obra. A indústria é sempre muito bem vinda, seja qual for o ramo de atividade.

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