Pequenos furtos geram grandes prejuízos para bares e restaurantes

Janaína Oliveira - Hoje em Dia
14/10/2013 às 06:27.
Atualizado em 20/11/2021 às 13:18

Cadê a taça que estava aqui, em cima da mesa? E o copo lagoinha, o vidro de pimenta, o azeite e o galheteiro? Desapareceram. Ou melhor, foram parar na bolsa das clientes ou no bolso do freguês.    Segundo empresários do setor de restaurantes e bares, não é tão incomum quanto se pensa o mau hábito entre a clientela de levar para a casa pertences dos estabelecimentos. Ato aparentemente inofensivo, mas que gera prejuízos aos proprietários. E no final das contas, quem paga mais caro é o próprio consumidor.   Perdas    “O desfalque de utensílios vai parar na planilha de quebra. Na hora de reajustar o cardápio, a perda com os pequenos furtos acaba sendo incluída nos preços. É a despesa da corrupção. Todo mundo paga pelos erros de alguns”, diz o empresário Adelcio de Castro, dono do Boi Vindo Steak House e do Bonde Bar.   Com a atitude do cliente de pegar “lembranças” sem pedir licença, o empresário já contabilizou prejuízos de R$ 400 em um só mês. Segundo ele, o “mimo” predileto são copos personalizados, que trazem propagandas de marcas de cerveja, uísque ou vodca. “Certa vez adquiri 40 caixas com 24 tulipas da Brahma cada uma. O estoque durou pouco mais de dois meses. Nunca mais comprei”, revela ele, que também já viu “sumir” louças para farofa e vinagrete, talheres e até pratos.    Certos de que não serão enquadrados e que já estão pagando caro pelos serviços, clientes mais audaciosos acham normal levar um adorno. “É como se fosse brinde. Mas a verdade é que somos surrupiados”, afirma o empresário Túlio Montenegro, proprietário do Chef Túlio. Quase toda semana, o empresário e chef de cozinha dá falta de pelo menos uma caixa de copo lagoinha. Vidros de pimenta, de fabricação própria, também evaporam.    “Passei a colocar só meia quantidade de molho para o prejuízo ser menor”, diz. O desfalque com o souvenir forçado dos botequeiros também vai parar no custo operacional. Na tentativa de conter o ímpeto da clientela afoita por uma lembrancinha,Túlio treinou garçons e pediu para que ficassem atentos. “A técnica é ir retirando as coisas para não deixar nada dando sopa”, comenta. Mas se um freguês é flagrado, ele prefere deixar passar. “Desejo bom uso e o camarada dá aquele sorriso amarelo”, descreve.    Venda de brindes reduz casos de roubo   Do boteco ao restaurante de luxo. De talher e cinzeiros a taça de cristal. Segundo o diretor- executivo da Associação de Bares e Restaurantes de Minas Gerais (Abrasel-MG), Lucas Pêgo, os clientes gatunos levam de tudo: embalagem de azeite, galheteiros, guardanapos de tecido, bolachas de chope, tulipas, talheres e até pratos de sobremesa.    O prejuízo é difícil de calcular, mas sem dúvida impacta o faturamento da casa. “Entre os talheres, a preferência é pelas facas. Já os copos e taças mais atrativos são aqueles personalizados. Muita gente faz coleção”, afirma.   A situação é constrangedora e coloca proprietários, gerentes e atendentes em saia justa. “Se indispor com o cliente é muito ruim. O melhor é treinar a equipe para ficar de olho nos objetos da mesa”, receita. Saída similar foi adotada por Leonardo Matos, do Escritório da Cerveja, que hoje conseguiu minimizar o problema.    Outra solução, ainda que paliativa, é a colocação no cardápio de objetos à venda. Maria das Tranças e Almanaque Choperia são exemplos de estabelecimentos que comercializam os brindes.   

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