Petrobras perde US$ 145 milhões após saída de Roncador

Estadão Conteúdo
13/07/2014 às 16:42.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:22

Mesmo pressionada para ampliar a produção, a Petrobras paralisou a operação de uma plataforma sem adotar as medidas compensatórias exigidas pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP). Alegando riscos operacionais, a companhia desconectou em março a plataforma FPSO Brasil do campo de Roncador, na Bacia de Santos - o mais produtivo do País. A medida contrariou resolução que previa a "substituição imediata" da unidade. Nos dois meses seguintes à parada, a produção diária em Roncador caiu 23 mil barris em relação à média do mesmo período de 2013, com perdas em receitas que podem chegar a US$ 145 milhões.

A resolução da ANP, aprovada pela diretoria no dia 19 de março, se baseou em relatório técnico feito em novembro. A análise previa a realização de vistoria na FPSO Brasil e a execução dos "reparos necessários" ou a troca "por uma unidade de produção equivalente". Para a agência, estava "clara a necessidade de mais do que as quatro plataformas previstas para o campo de Roncador".

A inspeção foi realizada em janeiro e durou 16 dias, com a unidade paralisada. O procedimento indicou que, para reverter os problemas e garantir "continuidade operacional no longo prazo", seria necessário executar "obras de grande porte incompatível com uma unidade em operação offshore". A Petrobras, então, concluiu que a obra era "inviável técnica e economicamente" e que seria preciso "dar início imediato ao projeto original de remanejamento dos poços".

No dia 31 de março, a plataforma foi completamente desmobilizada. Para evitar sanções, a Petrobras entrou com recurso contra a resolução original, alegando riscos à segurança. Em junho, em nova reunião da diretoria, a agência acatou o recurso sem definir punições à estatal.

Pela nova resolução, a Petrobras deverá apresentar uma alternativa para a retomada da produção somente em dezembro, com a revisão do plano de desenvolvimento de Roncador. O documento determina que a empresa assegure "um incremento adicional de produção de um volume equivalente à produção de uma plataforma da capacidade do FPSO Brasil em 10 anos". A ANP estima, no período, um volume entre 243 e 290 bilhões de barris.

Produção
A Petrobras nega que a parada da plataforma tenha afetado sua produção. Em nota, a companhia informou que a operação da plataforma no campo tinha "caráter provisório" e sua desmobilização "já constava na previsão de produção" e no contrato de afretamento.

Na última segunda-feira, a ANP divulgou balanço de produção do País em maio. Os números indicam que o desempenho da Petrobras em Roncador caiu 5% na média de abril e maio, em comparação com o mesmo período de 2013, quando a unidade FPSO Brasil ainda estava em produção.

A baixa representa um volume de 23 mil barris por dia na produção. Considerando o valor médio de US$ 105 para o barril de petróleo no período, as perdas de receitas da empresa chegariam a cerca de US$ 145 milhões nos dois meses após a parada da unidade.

O balanço de produção de junho ainda não foi contabilizado. Segundo a agência reguladora, a produção em Roncador foi de 271 mil barris por dia em dezembro, antes das paradas para manutenção e inspeção. Naquele mês, a FPSO Brasil bateu recorde de produção, com 37 mil barris de óleo extraídos de quatro poços produtores.

Desde então, a partir das paradas de manutenção e inspeção da plataforma, a produção da estatal é decrescente em Roncador, chegando a 234 mil barris de óleo produzidos por dia, em abril. O volume representa uma diferença de 37 mil barris por dia. A média normal de produção diária da plataforma desligada era de 30 mil barris.

A partir de maio, entretanto, a produção no campo voltou a subir, retornando ao patamar de 249 mil barris extraídos diariamente. A melhora aconteceu após a entrada de uma nova plataforma, a P-62. A unidade já estava prevista no plano de negócios da companhia como adição à produção. A plataforma ainda está operando abaixo da capacidade máxima, com mais 14 poços a serem conectados até o final do ano.

Outra plataforma, a P-52, atingiu em maio recorde operacional, compensando parte das perdas. A unidade adicionou quatro mil barris à produção do campo de Roncador somente naquele mês. A embarcação é uma das unidades que receberá os poços produtores originalmente ligados à FPSO Brasil, juntamente com a plataforma P-54. Juntas, elas já operam em 27 poços perfurados no campo e vão receber pelo menos outros quatro.

Segundo a Petrobras, "as ações que viabilizam o retorno dos poços estão em andamento e a produção será retomada até dezembro".

Com a desmobilização, o navio plataforma FPSO Brasil foi devolvido à proprietária, a empresa holandesa SBM Offshore. A afretadora é citada em denúncias de corrupção e pagamento de propina a funcionários da estatal. Auditoria interna da Petrobras, entretanto, não identificou irregularidades. Ainda assim, a estatal suspendeu temporariamente a participação da empresa em novas concorrências.
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