Preço da carne de boi vai às alturas e limita o cardápio do consumidor

Janaína Oliveira - Hoje em Dia
04/08/2015 às 06:32.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:12
 (Frederico Haikal)

(Frederico Haikal)

A carne de boi está sumindo do prato do brasileiro. O preço de alguns cortes subiu mais de 20% nos últimos 12 meses, ante uma inflação de 8,89% no mesmo período, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E não são só produtos mais nobres, como picanha e filé mignon, que estão mais salgados. O quilo da carne de segunda chega a custar quase três vezes mais do que o quilo do frango.

Músculo, pá e acém, por exemplo, ficaram 21,4%, 22% e 20,8% mais caros de junho do ano passado pra cá. Contrafilé e chã de dentro também exigem um desembolso maior. Os aumentos foram de 14,5% e 19,8%. Isso acontece porque, como o preço da carne está alto, cresce a procura por produtos de segunda, pressionando os valores para cima. É a antiga regra da oferta e demanda.

Produção cai

Para piorar o cenário, a produção no campo caiu. Somente em Minas Gerais, de janeiro a junho deste ano, na comparação com o primeiro semestre de 2014, a redução do abate de gado encolheu 10,8%, totalizando 1,6 milhão de animais.

“A escassez de animais prontos para abate ajuda a explicar as altas nos preços. É um reflexo do ciclo da pecuária”, afirma o analista de agronegócio da Federação da Agricultura e Pecuária do estado de Minas Gerais (Faemg), Walisson Lara.

E as perspectivas para os próximos meses não são animadoras para o lado do consumidor. “Com menos bezerros sendo ofertados e a escassez hídrica, é possível que os preços recordes se mantenham”, avalia Lara. Atualmente, o valor médio da arroba pago ao produtor está na casa dos R$ 135, o equivalente a uma alta de 24% em um ano, quando o preço era de R$ 109.

Com a alta, famílias têm de migrar para outros cortes

Os preços salgados da carne bovina modificaram os hábitos do consumidor brasileiro à mesa. “O pessoal está procurando opções mais baratas”, diz a funcionária Beatriz Maria, da Casa de Carne Petrolina, no bairro Sagrada Família.

Segundo ela, com a picanha a vácuo a R$ 49,99 o quilo, a dona de casa dá preferência para cortes suínos. O pernil, por exemplo, sai a R$ 12,99 o quilo. A mesma quantidade de lombo e costelinha é vendida por R$ 14,90. Já o frango resfriado custa R$ 5,99.

“O movimento caiu, principalmente à tarde, porque está tudo mais caro. O músculo que era uma das carnes mais baratas hoje está custando R$ 16,99. Para atrair o cliente, estamos fazendo promoções e dando mais prazo pra pagar”, diz.

A substituição do bife pelo frango e pela carne de porco também é percebida na Casa de Carne Denise, no Carmo.

“A venda de picanha despencou. Hoje, a carne para bife mais barata que temos, o contra-filé, custa R$ 26”, diz o funcionário William Marques.

A escalada do preço fez o empresário Túlio Montenegro, dono do restaurante Chef Túlio, mexer no cardápio. Há dois meses, ele pagava R$ 22 pelo quilo da picanha. Hoje, o produto chega a custar mais de R$ 40.

“Com o preço absurdo, parei de comprar picanha. Estou trabalhando outros tira-gostos com frango, carne de segunda e torresmo”, revela.

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