Preço do trigo em alta encarece pão francês em BH

Bruno Porto - Hoje em Dia
22/04/2014 às 07:33.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:14
 (Ricardo Bastos/Arquivo Hoje em Dia)

(Ricardo Bastos/Arquivo Hoje em Dia)

A quebra da safra nacional de trigo, que aumentou a dependência do país do grão importado, fez o pão francês subir 10% em um ano em Belo Horizonte. Conforme levantamento do Procon Assembleia, o quilo do pãozinho passou de R$ 9,07, em abril de 2013, para R$ 10,03 neste mês. E a tendência é de novos aumentos, pois as cotações do trigo só devem dar um refresco após o início da safra nacional, em setembro.


Desde o início do ano, os derivados do trigo têm subido em BH, conforme o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) de abril do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entre janeiro e abril, a farinha de trigo subiu 5,61% em BH, puxando os preços das massas semipreparadas (5,79%), dos biscoitos (3,03%) e do pão francês (2,12%).


O motor da alta de preços foi a quebra da safra nacional de trigo, conjugada com a produção menor dos tradicionais fornecedores do país, o que gerou a necessidade de importar o grão de mercados mais distantes, com encarecimento dos fretes. Em um ano, o preço do trigo disparou 20%.


No mercado interno, conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), os preços do trigo subiram até outubro de 2013, impulsionados pela quebra da safra no Paraná e Paraguai, associada à menor produção da Argentina, que reduziu os excedentes exportáveis para o Brasil. Depois de um pequeno recuo, os preços internos voltaram a subir no mês passado.


Os Estados Unidos, tradicional fornecedor do Brasil, também tiveram problemas de safra.


“Os problemas na safra nacional transformaram o Brasil no segundo maior importador do mundo, atrás apenas do Egito. Já a quebra de safra na Argentina e Estados Unidos teve impacto nos estoques mundiais e na Bolsa de Chicago, aumentando o preço do produto, embora os estoques sejam suficientes. Isso gera aumento de custos, como o frete, que para trazer da Austrália é mais caro do que da Argentina”, diz o presidente do Sindicato dos Moinhos de Trigo do Estado de Minas Gerais, Lincoln Gonçalves Fernandes.


Dados da Associação Brasileira da Indústria de Trigo (Abitrigo) revelam que em 2013 houve uma alta de 10,7% no volume de trigo importado, de 6,5 milhões de toneladas para 7,2 milhões de toneladas. Naquele momento, a Bolsa de Chicago já refletia os impactos da quebra de safra, e o valor dos desembarques saltou 41,1%.


Neste ano, as importações no primeiro trimestre caíram 18,8% frente a 2013, mas ainda estão acima do volume considerado normal, que tem 2012 como referência.


O vice-presidente da Associação dos Triticultores do Estado de Minas Gerais (Atriemg), Eduardo Elias Abrahin, confia em um retorno do preço para níveis próximos de R$ 600 a tonelada em outubro, um mês após o início da safra. “Até setembro continua uma tendência de alta, mas que deve ser invertida em outubro, quando o Paraná iniciar a colheita”, afirma.
 

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