Preço dos cosméticos vai ter reajuste acima da inflação com cobrança de IPI

Raul Mariano - Hoje em Dia
12/04/2015 às 07:43.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:36
 (Ricardo Bastos/Hoje em Dia)

(Ricardo Bastos/Hoje em Dia)

Depois de ver aumentar os custos básicos do dia a dia, como energia elétrica, água e alimentação, o consumidor vai ter que pagar mais caro para cuidar também da própria imagem. A partir de maio, o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) começa a ser cobrado sobre produtos de beleza no atacado e os reflexos serão sentidos diretamente no varejo.   Empresários do ramo de cosméticos de Belo Horizonte avaliam que, com o aumento do custo, o repasse será inevitável e os revendedores, por sua vez, terão que elevar o preço para o comprador final. O proprietário da D’vien Cosméticos, Guilherme Brumano, estima que o reajuste será de, no mínimo, 15%.   “A maior parte da matéria prima cosmética é importada. Então, além do aumento do IPI, estamos tendo que lidar com o aumento do dólar, que encareceu a produção. Já tivemos reajuste em itens como a coloração e não conseguimos ainda medir as consequências desse impacto”.   Nos salões de beleza de BH, a reação dos consumidores já foi percebida bem antes do aumento. O franqueado do Salão Socila, Marques Júnior, conta que, desde o começo do ano, a frequência de clientes, antes assíduos, diminuiu.   “Não há como segurar os preços porque já estamos operando no nosso limite. Com isso, clientes que vinham ao salão todos os dias agora só vêm uma vez por semana. Assim como aquelas que vinham semanalmente e agora só aparecem uma vez por mês”.   O diretor administrativo do Tif’s Cabelereiros, André Ribeiro, explica que a tentativa dos salões é segurar ao máximo os preços, mas como há aumentos em outros custos, como energia e água, os reajustes são inevitáveis.   “Estamos focados muito mais na prestação de serviços do que na revenda de produtos de beleza. mas se um produto que custa R$ 100 passa a custar a R$ 120 nós vamos ter que adicionar esse custo no preço final. Ainda não calculamos um percentual médio de aumento, mas esperamos que ele não seja grande”.   Indústria prevê queda de até 17% no volume de vendas   De acordo com estimativas da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), a queda média no volume de vendas dos produtos afetados com a alta dos preços será de 7%, podendo chegar a 17% em alguns itens.   Por meio de nota, a associação afirma que a medida é “uma distorção criada pelo próprio fisco por desconhecer o modelo de negócios da indústria de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos. Não faz sentido econômico recolher um imposto, destinado a tributar a industrialização do produto, sobre a parcela do produto que não é industrialização, mas simplesmente venda, já tributada pelo ICMS”.   Outro ponto desfavorável apontado pela associação foi que o setor teve preços reajustados abaixo da inflação no último ano, o que tornaria a taxação atual ainda mais prejudicial.   Além disso, a Abihpec lembra que a mão de obra da indústria de cosméticos é predominantemente feminina, o que geraria impactos diretos para o gênero, que também é o maior consumidor de produtos cosméticos.   No entendimento do governo, a cobrança será sobre os produtos considerados supérfluos, como esmaltes, batons, colorações de cabelo e demais produtos de maquiagem. Somente xampus e sabonetes ficarão fora da taxação e a cobrança do IPI deverá gerar arrecadação anual de R$ 653 milhões.   Faturamento   Apesar do cenário generalizado de baixo crescimento econômico, o setor de cosméticos e produtos de beleza faturou, em 2014, cerca de R$ 101,7 bilhões no país. Um crescimento 38% em relação ao ano de 2010, segundo dados da Abihpec.   Entre os motivos estão o aumento do poder aquisitivo da classe C, que foi a principal responsável por elevar os índices de consumo do setor no últimos anos.   Responsável por mais de 1,8% do PIB nacional, a indústria brasileira de produtos de beleza representa 9,4% do consumo mundial e ocupa uma fatia de aproximadamente 53% do mercado latino-americano.   Os produtos masculinos representam quase 11% do consumo total, sendo que as vendas dobraram nos últimos cinco anos, chegando a um faturamento de R$ 11,1 bilhões em 2014 e colocando o país como o segundo maior mercado consumidor do mundo.

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