Pressionado pela China, preço da carne dispara em BH; variação entre açougues segue alta

Evaldo Magalhães
efonseca@hojeemdia.com.br
03/08/2020 às 16:49.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:11
 (Maurício Vieira)

(Maurício Vieira)

As importações de carne suína e bovina brasileira pela China bateram recorde no primeiro semestre deste ano. No caso da carne de porco, escassa na Ásia desde a peste suína de  2018, que dizimou metade do rebanho chinês, o volume total foi de 230,7 mil toneladas vendidos para aquele país, com aumento de  150% em relação ao mesmo semestre de 2019. A elevação da compra pelos chineses da carne de boi nacional  no período ficou no mesmo patamar: 148%.

Com o aumento das vendas para outros mercados, o produto tem oferta reduzida internamente e a consequência mais direta é a subida de preços. Na semana passada, o site de pesquisas Mercado Mineiro voltou a constatar, em 36 açougues de Belo Horizonte, uma significativa inflação nos preços nesses dois grupos de proteínas.

Segundo o diretor do site, Feliciano Abreu, o preço médio de cortes de porco subiu até 16,66% ao longo de julho, mês em que o custo de vida encareceu na cidade de 0,5% a 1%: foi o caso da  pazinha, que passou de R$ 12,60 para R$ 14,70. Já a bisteca subiu de R$ 15,29, preço médio do quilo no início de julho, para R$ 17,08 (12,39%) e o pernil sem osso, de R$ 15,76 para R$ 17,45 (10,74%).

No caso da carne de boi, os maiores saltos foram verificados no preço médio do quilo da fraldinha (de R$ 25 para 27,28, com 8,74% de elevação) e do acém (de R$ 23,22 para R$ 25,13, ou 8,22% acima). "Esses aumentos se devem principalmente à exportação da carne bovina e suína para o mercado chinês, o que acaba pressionando reajustes no mercado interno", disse Feliciano. 

"O consumidor passa muita dificuldade ao comprar o alimento do dia a dia. E o açougueiro também sofre por saber que seu cliente está sem dinheiro e que não consegue vender pelo valor que seria necessário até para manter seu estabelecimento", completou.

Variações

Também chamou a atenção na pesquisa do Mercado Mineiro a grande variação de preços entre todos os tipos de carne, até mesmo a de frango, que ficou com os preços médios estáveis em relação à de porco e de boi. "O momento é sem dúvida de optar pelo frango, ainda mais se o consumidor estiver muito apertado financeiramente. Mas tem que pesquisar muito os preços", alertou o executivo.

O quilo do fango congelado oscilou de R$ 4,95 a R$ 9,30, dependendo do açougue, o que significa uma variação de 88%. Já o quilo do filé de peito da ave foi encontrado por R$ 9,90 a R$ 18,00 (80% de diferença). O mesmo fenômeno, só que ainda mais acentuado, foi verificado em relação à carne suína - a pazinha oscilou de R$ 9,98 a R$ 28 (180%), por exemplo - e bovina - o quilo do recordista contrafilé foi encontrado por 25,98, o melhor preço, e por até R$ 69,95, com 170% de variação.

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