Procura por mão de obra chega às favelas de São Paulo

Agencia Estado
30/09/2012 às 10:21.
Atualizado em 22/11/2021 às 01:41

Um carro de som que circula pela comunidade de Paraisópolis, em São Paulo, anunciando vagas de emprego se tornou a principal fonte de recrutamento de mão de obra do Grupo Tejofran. Por mês, a empresa tem a difícil missão de repor 300 postos de trabalho de diversos setores, entre eles o de limpeza e segurança.

"Os meios convencionais de recrutamento não funcionam mais. Esse método foi bem aceito em Paraisópolis", diz Clodomir Ramos Marcondes, diretor de Relações Institucionais e Humanas da empresa. "Antes do boom da construção civil, eu tinha uma fila com 100 trabalhadores. Caiu para 50 e, de repente, não apareceu mais ninguém."

A escassez de mão de obra disponível no Brasil ficou evidente nos últimos anos e inverteu uma lógica que durou décadas: agora, o poder de barganha dos trabalhadores é maior e são as empresas que vão atrás deles. É por isso que o Grupo Tejofran - que atua nas áreas de segurança, limpeza, saneamento, ferrovias e higienização hospitalar - e outras empresas começam a desvendar comunidades na periferia paulista em busca de trabalhadores.

Na sexta-feira (28), por exemplo, a União dos Moradores e do Comércio de Paraisópolis encerrou a última fase do mutirão de emprego que percorreu várias comunidades da zona sul de São Paulo desde o início de setembro.

"Nós entramos em contato com as lideranças da zona sul e uma vez por semana fomos para uma comunidade levar o atendimento. Muitas vezes, nesses locais, as pessoas não têm como se locomover porque não têm dinheiro para a condução", diz Elizandra Cerqueira, coordenadora da agência de emprego da comunidade de Paraisópolis.

O mutirão encerrado semana passada foi a primeira iniciativa desse tipo. "Encontrar mão de obra tem sido difícil. Acho que em Paraisópolis consegui unir o útil ao agradável, vim para a comunidade para ajudar também", diz a empresária Bia Cunha, há quatro anos no comando da Cia Doméstica. Ela vai para Paraisópolis quase semanalmente para fazer a triagem de candidatos e já planeja o desenvolvimento de um curso de capacitação. "Nós podemos ensinar boas maneiras, o cronograma das atividades."

Na cartela de Bia, estão cerca de 2,8 mil clientes que moram principalmente no Morumbi, Itaim e Moema. Só na quinta-feira 140 e-mails de clientes aguardavam uma resposta dela. Bia luta contra os números para conseguir encontrar mão de obra. Em agosto, segundo o IBGE, a desocupação no serviço doméstico foi de 2,3%. No mesmo mês, o desemprego entre os trabalhadores sem instrução ou com menos de oito anos de estudo também foi baixo, de 4,6%.

A disputa por mão de obra nas comunidades também ocorre entre empresas do mesmo setor. A Home Staff, que seleciona funcionários domésticos, participou do primeiro mutirão de emprego nas comunidades da zona sul. A empresa já é parceria da comunidade de Paraisópolis há um ano. "A gente conseguiu alcançar outras comunidades, o que é difícil se não tiver uma estrutura organizada. Foi importante, porque o pessoal fica conhecendo a empresa e nós a eles", afirma Isabella Velletri, sócia da Home Staff. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
http://www.estadao.com.br

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