O baixo crescimento econômico e a escassez de investimentos na iniciativa privada colocam em evidência as já valorizadíssimas vagas na carreira pública. Em Minas Gerais, a oferta de concursos só é menor do que em São Paulo e Brasília. Das mais de 20 mil vagas abertas para atuação no Estado, mais da metade está em prefeituras do interior. Com o acirramento da concorrência por vagas em concursos públicos, os candidatos têm investido cada vez mais tempo e dinheiro na preparação para a disputa. Apenas em 2014, cerca de R$ 10 milhões foram “investidos” em inscrições para provas. Em todo o país, a cadeia de cursos e materiais didáticos movimenta R$ 50 bilhões , segundo levantamento da Associação Nacional de Proteção e Apoio aos Concursos (Anpac). O custo médio de um curso preparatório de cinco meses na capital é de R$ 2.500. Dependendo do tempo necessário para que o candidato seja aprovado, esse valor pode ser até dez vezes maior, conforme explica o coordenador pedagógico do Pro Labore, Carlos Cruz. “Há alunos que, em seis meses de estudos, com investimento médio de R$ 1 mil por mês, conseguiram ser aprovados. Nesse caso, a pessoa conseguiu recuperar o investimento com seu primeiro salário como concursado. Mas há casos de pessoas que demoram mais de cinco anos”, comenta. Para Cruz, o salário não deve ser a prioridade no momento de escolher o concurso a ser prestado. Ele explica que a ligação do cargo com a área de formação do candidato é indispensável para que não haja frustração posteriormente. “Se depois de três ou quatro anos de tentativas o candidato não conseguir nenhuma aprovação é aconselhável procurar orientação pedagógica. O que pesa de fato nessa concorrência é a bagagem que cada aluno traz na sua formação”, destaca. O advogado Acácius Barbosa, de 25 anos, já fez três concursos para o cargo de analista judiciário, cujo salário inicial é de R$ 9 mil. Ciente do nível elevado de concorrência pela vaga, ele avalia que ainda deverá tentar o concurso por pelo menos mais duas vezes até ser aprovado. “São mais de cem candidatos por vaga, então estou investindo R$ 2.400,00 em um curso preparatório de cinco meses de duração”, conta. Estabilidade financeira, carga horária reduzida e bons salários são os maiores atrativos para quem busca ser aprovado em concursos públicos. A insatisfação com a realidade de trabalho nas empresas privadas também tem motivado profissionais a buscarem o funcionalismo público. É o caso da relações públicas Carolina Magalhães, que está desde maio de 2013 se dedicando aos concursos. Ela conta que, nesse período, já investiu cerca de R$ 7 mil em ensino, apostilas e inscrições para provas. Mesmo já tendo sido aprovada em um concurso do Ministério do Trabalho e Emprego, ela continua fazendo outras provas em busca de cargos com remunerações maiores. “Como não há muitas oportunidades específicas para minha formação e o mercado também não remunera bem, estou almejando a aprovação para a função de técnico do INSS. Apesar de ser um cargo de nível médio, o salário inicial de R$ 4.500 supera o que eu ganharia nas agências de Belo Horizonte”, comenta Carolina.