Produção cambaleante: resultados da indústria mostram que retomada econômica ainda está distante

André Santos
andre.vieira@hojeemdia.com.br
02/09/2021 às 20:17.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:48
 (Gilson Abreu / Fiep)

(Gilson Abreu / Fiep)

Com o avanço da vacinação e a liberação cada vez maior de atividades como as de comércio e serviços, a economia pareceu dar sinais de retomada, nos últimos meses. Indicadores divulgados nesta semana, contudo, deram um banho de água fria nos mais otimistas e demonstraram que essa mesma economia, na verdade, ainda patina.

Anteontem, o IBGE atestou que o Produto Interno Bruto (PIB) apresentou estabilidade, apresentando queda de 0,1% no 2ºtrimestre de 2021, comparado ao mesmo período do ano passado – trimestre de 2021). Ontem, vieram os dados sobre a produção industrial: o índice recuou 1,3% na passagem de junho para julho, após retração de 0,2% no mês anterior.

O resultado faz a indústria voltar a patamares abaixo dos registrados antes da pandemia: com a retração, a produção atual é 2,1% menor do que a verificada em fevereiro de 2020. “Em linhas gerais, o comportamento de julho não difere muito do que a gente vem observando ao longo desse ano, já que dos sete meses, em cinco houve queda”, explica André Macedo, gerente da pesquisa do IBGE.


Efeitos da pandemia

De acordo com Macedo, a diminuição da produção está diretamente ligada aos efeitos econômicos e sociais da Covid-19 e o consequente encarecimento dos custos e do desarranjo das cadeias produtivas. “Existe uma escassez de insumos importante que acaba paralisando a indústria”, destaca.

Escalada da inflação, aliada à perspectiva de escassez de energia, e o instável ambiente político são pontos que podem frear uma recuperação mais sólida da economia nacional

 Cenário ruim

A escalada da inflação, aliada à possível escassez de energia – causada pela crise hídrica –, e o instável ambiente político são outros pontos que podem frear uma retomada econômica mais sólida. O IPCA acumulado dos últimos doze meses já chega a 9,3% – muito acima do limite máximo de meta estabelecida pelo Banco Central que ficava em 5,25%. 

Segundo a economista Mafalda Ruivo Valente, das Faculdades Promove, a precarização do emprego e o achatamento da renda da população são outros pontos que impedem o crescimento econômico. “O que foi demonstrado pelos índices da indústria e do PIB são apenas um reflexo do que outros índices já vinham demonstrando. Há muitas pessoas fora do mercado de trabalho e o rendimento sendo comido pela inflação. Com renda menor e alta dos preços, a demanda vai diminuir e, com ela, o resultado alcançado pela indústria”, explica a economista.

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